Até pouco mais de uma semana atrás, o indiano Gautam Adani ostentava o título de terceiro homem mais rico do mundo, na esteira de um patrimônio construído no Adani Group, holding comandada por ele e com uma série de operações distribuídas, em particular, no mercado de infraestrutura da Índia.

Esse império foi abalado, no entanto, no último dia 24 de janeiro, quando, em um relatório, a consultoria Hindenburg Research acusou o grupo de liderar a “maior fraude corporativa da história”, a partir de práticas como lavagem de dinheiro, entre outros componentes.

O caso precipitou uma queda de mais de US$ 110 bilhões no valuation somado das companhias do grupo até o momento e, por consequência, na conta bancária de Adani. Segundo o Bloomberg Billionaires Index, ele perdeu US$ 59,2 bilhões de sua fortuna em 2023 e caiu para a 21ª posição do ranking, agora com US$ 61,3 bilhões.

Entretanto, os reflexos dessa derrocada já extrapolaram o universo do empresário e de sua holding. E estão afetando grandes tubarões de Wall Street, que figuram na lista de investidores da Adani Enteprises, a principal empresa do grupo.

A companhia sofreu a maior perda entre todos os ativos listados do Adani Group, com seu valor de mercado recuando mais de 60% – o equivalente a mais de US$ 30 bilhões – desde a publicação do relatório.

Um levantamento publicado pela rede americana CNBC com a lista dos 20 principais acionistas da operação mostra quem também está sendo impactado por essa queda livre observada em pouco mais de uma semana.

A relação inclui dois dos maiores nomes de Wall Street: a Vanguard, que tem 0,75% das ações da Adani Enteprises, e a BlackRock, que detém uma fatia de 0,57%, por meio da BlackRock Fund Advisors, e 0,17%, através da BlackRock Advisors (UK).

De acordo com os dados da lista, o maior acionista institucional da companhia, com 1,7% da operação, é a Elara Capital.

Em seu relatório, a Hindenburg Research acusou os fundos da gestora, baseados nas Ilhas Maurício, de integrar um plano para manipular os preços das ações das empresas do Adani Group. Desde então, a Elara se desfez de 72% das ações que possuía na empresa.

A gestora indiana Elara tinha no seu quadro de diretores com Jo Johnson, irmão do ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson. Ele ficava no escritório de Londres, mas se demitiu na na última quarta-feira.