Enquanto vive a expectativa de abrir capital, por meio de uma fusão com SPAC (Special Purpose Acquisition) Zanite Acquisiton Corp., a Eve, startup criada em outubro de 2020, como um spin-off da Embraer, dá mais um passo para ganhar terreno com seus táxis aéreos, também chamados no mercado de "carros voadores".

Nesta quinta-feira, a empresa comunicou ao mercado que deu entrada no processo para obter a certificação das suas aeronaves elétricas de pouso e decolagem vertical (eVTOL) junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)

Em nota, a Eve informou que a certificação busca o sinal verde dentro dos requisitos da “categoria normal”, além de atender a outras condições acordadas com a agência. O processo também abre caminho para o diálogo com órgãos em outros países.

Segundo o comunicado, com o apoio da Anac, a Eve dará continuidade às interações com as principais autoridades aeronáuticas estrangeiras, formalizando, em breve, o processo de validação do certificado em outros mercados, em linha com sua estratégia global.

“A formalização do processo de certificação do eVTOL é um passo importante para a continuidade das discussões que vêm sendo realizadas entre Eve e Anac em direção à certificação do veículo para mobilidade urbana”, disse Luiz Felipe Valentini, chief technology officer da Eve.

Superintendente de aeronavegabilidade da Anac, Roberto honorato destacou que a iniciativa vai buscar os melhores padrões de segurança, com o objetivo justamente de viabilizar o acesso das aeronaves da Eve ao mercado global.

“Do ponto de vista da regulação há muito trabalho a ser feito, não somente em relação à tecnologia da aeronave, mas na definição de todo ecossistema. O Brasil tem condições e engajamento para lidar com este desafio”, afirmou Honorato.

Em novembro do ano passado, a Eve deu início a um simulado de Mobilidade Aérea Urbana no Rio de Janeiro. Os testes, realizados inicialmente com um helicóptero, conecta o bairro da Barra da Tijuca com o Aeroporto Internacional Tom Jobim.

Com a iniciativa, que está sendo acompanhada pela Anac e envolve parceiros como Helisul e Universal Aviation, a ideia é avaliar todo o ecossistema de mobilidade aérea urbana e os principais conceitos relacionados à experiência de uma operação futura com os eVTOLs.

Além da certificação no espaço aéreo brasileiro, uma das próximas escalas da Eve deve ser a Bolsa de Nova York, com o IPO a partir da associação com a Zanite. No processo, previsto para acontecer no segundo trimestre, o valor da Eve foi estimado em US$ 2,4 bilhões. Para efeito de comparação, a Embraer vale atualmente US$ 2,8 bilhões.

A fusão em questão envolverá um aporte de até US$ 237 milhões em dinheiro fiduciário da Zanite. E será ancorada por um aporte de US$ 305 milhões, com participação da Embraer, da Zanite Sponsor e de um consórcio formado por empresas como Azorra Aviation, Bradesco BBI, SkyWest e Rolls-Royce.

Em paralelo a esse processo, a Eve segue costurando parcerias e fechando encomendas para suas aeronaves em diversos pontos do globo. Desde a sua criação, já foram firmados contratos com 21 clientes, envolvendo cerca de 2,4 mil eVTOLs da startup.