Com um lucro líquido de US$ 6,3 bilhões apenas no terceiro trimestre, a Amazon foi, provavelmente, a empresa que mais lucrou durante a pandemia. Entretanto, a expectativa é que os investidores da companhia não vejam a cor desse dinheiro tão cedo.

À frente da gigante do varejo virtual, Jeff Bezos vem reiterando, a cada trimestre, que os ganhos no período serão reinvestidos na operação. Um dos destinos desses recursos está diretamente relacionado com o assunto que dominou a atenção de todo o mundo em 2020: a Covid-19.

O bilionário americano conta com a visão otimista de uma das pessoas mais respeitadas no mundo da inovação e dos negócios. Para Scott Galloway, professor da Universidade de Nova York e um dos gurus do Vale do Silício, a Amazon tem tudo para ir além das iniciativas relacionadas ao coronavírus e revolucionar a área da saúde.

Essa questão é um dos temas abordados por Galloway em seu novo livro, “Post Corona: From Crisis do Opportunity”, ainda sem tradução para o português e que teve trechos reproduzidos pelo site americano Business Insider.

O autor destaca a visão de Bezos para adaptar a empresa à pandemia, que inclui testes de Covid-19, equipamentos de proteção, distanciamento social, compensações adicionais e protocolos adequados às novas regras.

“A Amazon está desenvolvendo a primeira cadeia de suprimentos ‘vacinada’ do mundo”, afirma Galloway. A partir dessa estrutura, ele entende que a empresa irá oferecer aos usuários do Amazon Prime testes em uma escala e eficiência que farão os Estados Unidos se sentirem tão “competentes” quanto a Coreia do Sul. E ressalta outros componentes.

“Um dos pontos fortes da Amazon é o fato de a empresa ter um enorme banco de dados, que é usado para selecionar as partes lucrativas de um negócio e extrair os elementos menos atraentes”, escreve o professor.

Com esse arsenal, ele aposta que a primeira jornada da companhia na área da saúde seja no segmento de seguros. Nesse contexto, Galloway faz uma referência ao “espetacular” IPO da insurtech Lemonade, em julho, para reforçar a oportunidade de disrupção no setor.

“Os consumidores, em geral, não gostam e não confiam nas seguradoras, e por um bom motivo”, afirma. “É uma indústria inchada, protegida por regulações ineficientes e relacionamentos entrincheirados. É uma presa pesada e lenta para o maior predador do mundo dos negócios”, escreve, em uma alusão à fama da Amazon.

Galloway realça o profundo conhecimento da empresa sobre seus clientes. O que eles comem, se preferem se exercitar ou jogar vídeo game, se têm filhos e até mesmo se estão em um relacionamento. Esse cardápio é reforçado com os dados coletados nas compras da rede de supermercados Whole Foods, adquirida pela Amazon em 2017.

A partir de toda essa rede de captura de informações, ele destaca que a empresa de Jeff Bezos tem acesso a mais dados individualizados que qualquer outra companhia de seguro.

“E com mais pessoas trabalhando na gig economy, como freelancers, cada vez mais elas serão responsáveis pelos seus próprios planos de saúde”, afirma Galloway, que acrescenta: “Caso você seja um deles, não se surpreenda se ouvir a Alexa (a assistente de voz da Amazon) perguntando: ‘você tem interesse em poupar 25% no seu seguro saúde?”..

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