Até pouco tempo, o WeWork era, de longe, o maior ícone entre as empresas de coworking, os chamados escritórios compartilhados. A partir do segundo semestre de 2019, no entanto, a suspensão de sua abertura de capital trouxe à tona uma crise que parece não ter fim na startup, que despencou de uma avaliação de US$ 47 bilhões, na época, para os atuais US$ 2,9 bilhões.
E o drama da companhia está ganhando novos capítulos na Covid-19, obrigando a empresa a buscar caminhos alternativos. Com o home office praticamente institucionalizado em todo o mundo, o WeWork está deixando de ser um rival para se tornar um cliente das empresas mais tradicionais do setor imobiliário.
Com mais de 20% de seus escritórios vazios em Nova York, seu principal mercado, o WeWork está recorrendo a grandes imobiliárias para tentar locar os espaços desocupados na cidade, uma área superior a 120 mil metros quadrados. Além da Big Apple, a estratégia está sendo aplicada em Los Angeles.
Em Nova York, o WeWork contratou a JLL para prestar o serviço. Já na cidade californiana, a escolhida foi a CBRE Group. Segundo uma reportagem do site americano Business Insider, a empresa deve adotar a mesma abordagem em cidades como Boston, Miami e Seattle.
Os termos dos acordos fechados até o momento não foram revelados. Mas, em média, as imobiliárias abocanham uma comissão de até 6% dos contratos firmados.
A estratégia acontece em um momento no qual cada vez mais empresas estão estendendo a adoção do home office. O Google, por exemplo, anunciou nesta segunda-feira que sua equipe de 200 mil funcionários deve permanecer trabalhando remotamente até meados de 2021.
Apesar desse impacto inicial, a perspectiva é de que empresas de coworking como o WeWork possam se beneficiar com a retomada e o estabelecimento de formatos de trabalho mais flexíveis pelas companhias dos mais variados setores.
“Eu acredito que não teremos mais empresas com enormes sedes corporativas”, disse Marcelo Claure, diretor de operações do Softbank e o homem escolhido para liderar a recuperação do WeWork, durante uma edição do painel virtual do Brazil At Silicon Valley, em maio. “Mas elas vão precisar de escritórios menores. E isso favorece o WeWork.”
Em paralelo a esse cenário, o WeWork segue "apertando o cinto" nos gastos. Nesse contexto, Claure, projeta que a operação se torne lucrativa já em 2021, um ano antes do esperado.
Entre as medidas adotadas a fim de estancar a sangria, a companhia demitiu cerca de 8 mil funcionários, vendeu ativos e renegociou alguns de seus contratos de aluguel.
Para equacionar a operação, recentemente, o WeWork demitiu cerca de 8 mil funcionários, vendeu ativos e renegociou alguns de seus contratos de aluguel
Para evitar o colapso, o Softbank precisou socorrer financeiramente a empresa e assumir o controle da operação, afastando o então CEO e fundador da startup, Adam Neumann, cuja liderança questionável foi um dos motivos por trás do IPO fracassado, em 2019. Ele foi substituído por Sandeep Mathrani.
Embora parte da situação financeira esteja sendo equacionada e a nova estratégia com as imobiliárias pareça acertada, dado o desafio de voltar a ocupar escritórios em tempos de pandemia, o WeWork tem outros desafios pela frente.
A gigante japonesa de tecnologia Rakuten, por exemplo, decidiu não renovar seu acordo com a empresa e vai alocar seus funcionários em um prédio próprio. Com isso, a WeWork perde 700 vagas vagas em Tóquio.
A perda do contrato surge depois que Mathrani revelou que, em junho, a taxa de ocupação dos espaços do WeWork por grandes companhias era de 65%. Esse foi o primeiro trimestre que a startup teve mais da metade de sua área alugada por empresas com mais de 500 funcionários.
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