A Amazon está trazendo uma de suas mais lucrativas unidades de negócios para o Brasil para competir com Google, Facebook, Mercado Livre, B2W e Magazine Luiza.

A varejista online fundada por Jeff Bezos está esquentando os motores para estrear a Amazon Ads no País, de acordo com duas fontes com quem o NeoFeed conversou.

A empresa já montou parte da equipe, que inclui profissionais com passagens no Spotify e Google, e já está fazendo apresentações para agências de publicidade no mercado brasileiro.

De acordo com essas apresentações, a Amazon tem dito que todas as suas propriedades no Brasil já contam com uma audiência de 40 milhões de visitantes únicos mensais.

Os dados incluem as pessoas que acessam o site da Amazon, bem como outros serviços da empresa, a exemplo de Prime Music, Prime Video, Kindle, Twitch e Alexa.

A informação de que a Amazon traria sua unidade de publicidade ao Brasil foi adiantada pelo NeoFeed, no ano passado.

Nesse primeiro momento, a Amazon vai lançar apenas a sua DSP (demand side plataform, da sigla em inglês), plataforma de software que auxilia e otimiza a compra de mídia digital.

Os formatos que estão sendo vendidos são displays (banners e vídeos) nos sites da Amazon e de uma rede de parceiros externos, que não foi divulgada.

Uma fonte de uma agência com quem o NeoFeed conversou já está preparando campanha para um cliente. “Eles estão considerando setembro como a fase beta”, diz uma das fontes. “O lançamento está programado para outubro.”

Depois da DSP, o plano é entrar com o que é chamado de “sponsored products”, que são links patrocinados em buscas no site da Amazon para produtos que estão sendo vendidos no marketplace. Esse serviço só deve estrear no primeiro trimestre de 2021, segundo uma das fontes.

As empresas que vendem seus produtos no marketplace da Amazon pagam para conseguirem mais visibilidade, bem como um melhor posicionamento de seu produto ou loja, melhorando o desempenho de suas vendas. “Esse é o tipo de publicidade que mais funciona”, diz outra fonte, que trabalhou com esse formato nos Estados Unidos.

A área de publicidade deve ser comandada por Mario Meirelles, que teve passagens pela área de livros da Amazon. Em seu perfil no LinkedIn, ele se apresenta como “general manager” da Amazon Advertsing Brasil.

Outra profissional contratada é Celia Goldstein, que atuou na área de vendas do serviço de streaming de música Spotify. Ela se apresenta como head de “agency development” da Amazon Brasil.

Procurada, a Amazon disse que não comenta rumores ou especulações do mercado.

Nos Estados Unidos, a Amazon Ads deve faturar US$ 13 bilhões em 2020, segundo estimativas da consultoria eMarketer. Em 2021, a previsão é alcançar US$ 16,7 bilhões e uma fatia de quase 10% do mercado americano de publicidade digital, roubando participação de Google e Facebook.

Mas Google e Facebook não são os únicos que devem ficar preocupados com a chegada da Amazon ao mercado brasileiro. Varejistas locais que criaram áreas para vender publicidade em seus portais de e-commerce também vão ser afetados. “Nunca entendi porque os varejistas brasileiros demoraram tanto para acordar para esse tipo de receita”, diz uma das fontes.

O Magazine Luiza, por exemplo, entrou com força na publicidade digital no começo de agosto com a compra do site de notícias de tecnologia Canaltech e a Inloco Media, braço de publicidade da empresa de geolocalização Inloco.

Com as aquisições, a companhia comandada por Frederico Trajano criou a Magalu Ads. Mas a varejista está atrasada nessa área em relação a alguns dos seus principais competidores, como o Mercado Livre e a B2W, dona das marcas Submarino e Americanas.com.

O Mercado Livre, por exemplo, deve atingir uma receita de até R$ 1 bilhão em publicidade, segundo estimativas do mercado.

A B2W não abre informações sobre o quanto fatura com publicidade. No segundo trimestre de 2020, informou que a receita da sua divisão B2WAds cresceu 283% sobre o mesmo período do ano passado.

A varejista online informou ainda que empresas da indústria de bens de consumo, como Nestlé, Nespresso, L’oreal e Unilever estão aumentando os investimentos na plataforma.

A Amazon, por sua vez, vem reforçando os investimentos no Brasil. A varejista online chegou ao País, em dezembro de 2012, quando lançou o seu leitor de livro digital Kindle.

Mas, durante muito tempo, a companhia não deu muita atenção ao mercado brasileiro. A conta gotas, ela foi aumentando sua operação local.

Depois do Kindle, começou a vender livros em 2014. Três anos depois, a empresa trouxe ao País o seu marketplace, espaço em que parceiros comercializam seus produtos e pagam uma comissão à Amazon.

Em 2019, ela passou a fazer vendas com estoque próprio em várias categorias de produtos. Recentemente, a varejista online lançou a sua assistente pessoal Alexa e o seu serviço Prime, que inclui entregas com frete grátis para determinados produtos, além de seu serviço de streaming de vídeo e música.

A pandemia fez a empresa acelerar seus investimentos em logística. Atualmente, a Amazon  conta com cinco centros de distribuição no Brasil, quatro deles em São Paulo e um em Pernambuco.

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