Com a imagem "contaminada" perante escândalos de privacidade e de segurança, Mark Zuckerberg, o fundador e CEO do Facebook, agora tem a chance de se redimir – pelo menos um pouco.
O executivo usou sua própria página na rede social para compartilhar as medidas que a empresa deve tomar para combater o coronavírus.
"Esse é um novo desafio global e estamos há meses trabalhando com autoridades da saúde para coordenar uma resposta", declarou o americano logo no início de publicação.
De acordo com Zuckerberg, sua equipe está trabalhando para que todos os 2,5 bilhões de usuários ativos tenham acesso a informações verdadeiras e relevantes. "Isso é um ponto crítico em emergências, sobretudo quando há precauções que podem ser tomadas para evitar o contágio", escreveu.
O executivo revelou ainda que, ao procurar por "coronavírus" no Facebook, a pessoa interessada será impactado por uma janela de pop-up programada para direcionar os usuários às páginas da Organização Mundial da Saúde (OMS) ou autoridade de saúde local.
Além disso, Zuckerberg também informou que está oferecendo à OMS anúncios grátis, mesmo benefício concedido a instituições comprovadamente ativas nessa batalha contra a epidemia.
"Estamos focados ainda em combater boatos e informações imprecisas ou errôneas."E completou:"É importante que todos tenham um lugar para compartilhar suas experiências e falar da epidemia, mas não é certo disseminar dados que coloquem as pessoas em risco."
Para evitar esse tipo de situação, Zuckerberg confirmou que o Facebook vai tirar do ar teorias conspiratórias e relatos mentirosos, e também vai impedir que pessoas maliciosas comprem publicidades que se aproveitem da situação, como a venda de um pseudo medicamento contra o vírus.
"Esse é um novo desafio global e estamos há meses trabalhando com autoridades da saúde para coordenar uma resposta", declarou Zuckerberg
O Facebook enfrenta sérias acusações de ser o vetor de disseminação de notícias falsas. Reportagens e documentários mostram como a empresa de Mark Zuckerberg colaborou para a viralização das chamadas fake news, que alteraram os resultados de processos democráticos.
O Brexit, como ficou conhecido o movimento de saída da Inglaterra da União Européia, e a própria eleição do atual presidente americano Donald Trump são dois exemplos disso.
Mas para além do "disse que me disse", verdadeiro ou falso, o Facebook quer colaborar com mais práticas e, para isso, anunciou que vai disponibilizar dados anônimos de sua plataforma a cientistas e pesquisadores. "Inclusive dados sobre mobilidades e mapas de densidade populacional, para que se possam entender melhor a propagação do vírus", explicou.
Ainda nas palavras de Zuckerberg, algumas ferramentas científicas desenvolvidas pela fundação Chan Zuckerberg Initiative, que mantém junto a sua mulher, Priscilla Chan, também podem ser úteis.
"Graças à parceria entre o nosso projeto filantrópico e o Gates Foundation, pesquisadores do Camboja foram capazes de sequenciar, em 19 dias, todo o genoma do vírus responsável pelo COVID-19, tornando mais fácil a identificação dos contaminados", afirmou.
O executivo finalizou seu post dizendo que, em tempos de crises, as pessoas contam com serviços de comunicação mais do que o normal e que "há mais a ser feito para ajudar os usuários a se sentirem menos isolados". Zuckerberg afirmou ainda que sua equipe está trabalhando em novas ideias e que, nas próximas semanas, trará novidades.
A mensagem do criador do Facebook, até a noite de quarta-feira, 4 de março, havia sido curtida 97 mil vezes, atraindo 7,9 mil comentários e 9,7 mil compartilhamentos.
O coronavírus já atingiu mais de 95 mil pessoas, deixando mais de 3 mil mortos. Nos Estados Unidos, são 152 casos confirmados, dos quais 11 foram fatais. Já em território brasileiro, três pessoas testaram positivo para o vírus e um quarto possível paciente segue sob monitoramento.
No ano passado, o Facebook adotou postura semelhante para conter as notícias errôneas acerca de vacinas, declarando que tiraria do ar páginas e posts dos chamados grupos "anti-vacinas", e que não mais permitiria publicidades que mirasse esse público-alvo. Mas, em janeiro deste ano, o site americano Buzzfeed registrou a veiculação de anúncios "anti-vacinas" na rede social.
Na ocasião, o Facebook declarou que a publicidade não violava suas políticas. "Nossas regras proíbem anúncios que contenham informações imprecisas contra vacinas. Não vetamos comunicados que promovam um ponto de vista sobre o assunto", respondeu a empresa à reportagem.
Logo saberemos se esse remédio amargo do Facebook vai surtir algum efeito na sociedade – e na reputação de seu criador.
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