Quem diria? Um tema comum no Brasil está dominando as conferências de resultados nos Estados Unidos: a inflação.

Cerca de dois terços das empresas do índice S&P 500 que divulgaram lucro no começo desta temporada de balanços do terceiro trimestre mencionaram o tema.

A conclusão é de uma pesquisa de transcrições de teleconferências de resultados da FactSet. Entre essas empresas estão PepsiCo, Citigroup e Abbott Laboratories.

“O ambiente claramente ainda é muito inflacionário, com muitos desafios da cadeia de suprimentos em todo o setor”, disse o CEO da PepsiCo, Ramon Laguarta, que observou sua receita subir 9% para US$ 21,97 bilhões no terceiro trimestre de 2022.

A inflação tem levado também os consumidores a repensar as compras caras nos EUA, à medida que o poder de compra é reduzido. A Procter & Gamble, dona de marcas de utensílios domésticos de marcas como Tide e Charmin, divulgou, na semana passada, resultados trimestres que superaram por pouco as expectativas dos analistas.

“Os custos de matérias-primas e embalagens, incluindo commodities e inflação de oferta, permaneceram altos desde que demos nossa perspectiva inicial para o ano no final de julho”, disse o diretor financeiro Andre Schulten, durante a teleconferência.

Em setembro, a inflação anualizada americana atingiu 8,2%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor. A taxa está acima de 8% desde março de 2022 e não tem dado sinais de queda, apesar do aumento dos juros pelo Federal Reserve, o Fed, o banco central americano.

Tanto que o mercado começa a acreditar que o aumento da taxa básica de juros está longe de terminar, como mostram as curvas futuras de juros. Segundo elas, os investidores passaram a precificar que os juros alcançarão o pico de 5% em maio de 2023, acima da mediana de 4,6% das projeções anteriores. Atualmente, a taxa básica de juros americana está entre 3% e 3,25%.

“A inflação continua a ser uma força teimosa globalmente, embora tenhamos começado a ver alguns impactos moderadores em certas áreas de nossos negócios em comparação com o início do ano”, disse o CEO do laboratório Abbott, Robert Ford, em 19 de outubro.

No terceiro trimestre, a Abbott registrou lucro líquido de US$ 1,43 bilhão, queda de 31,6% na comparação anual. As receitas somaram US$ 10,4 bilhões, redução de 4,74% sobre o mesmo período de 2021.