Depois de sentirem consequências financeiras nos dois últimos anos de pandemia, com a emergência da Covid-19 gerando o cancelamento de cirurgias eletivas e o adiamento de exames, o setor de saúde começa a mostrar sinais de retomada, segundo diagnóstico do Bank of America.
Em relatório divulgado nesta segunda-feira, dia 29 de agosto, os analistas do banco projetam que muitas companhias do setor devem mostrar sinais de melhora operacional no terceiro trimestre, depois de muito tempo cambaleando. Mas ressaltam que essa melhora não será generalizada.
Um dos destaques será o segmento de hospitais. No terceiro trimestre, nomes como Rede D’Or, Mater Dei e Dasa devem ver a ocupação de leitos voltando a patamares próximos da média histórica, sendo utilizados por pacientes de tratamentos eletivos em maior escala, comparados com aqueles que tiveram Covid-19.
Embora destaquem que a comparação trimestral do índice de ocupação dos leitos ficará comprometida, pelo fato de o segundo trimestre ser um período de sazonalidade elevada, os analistas afirmam que os hospitais conseguirão repassar custos aos planos de saúde, um ponto positivo para as margens.
“Nós esperamos que os hospitais repassem maiores preços às operadoras, elevando o ticket médio entre 5% e 10% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto buscam melhor eficiência de custos”, diz trecho do relatório assinado pelos analistas Fred Mendes, Gustavo Tiseo, Mirela Oliveira e Lucca Brendim.
A Hapvida também deve ter bom desempenho a partir do segundo semestre, depois de ver o número de beneficiários crescer em 140 mil entre o primeiro e o segundo trimestre. Além da evolução nesse indicador, o índice de sinistralidade da operação recuou de 75% para 72%, na mesma base de comparação.
“Projetamos um crescimento orgânico (de beneficiários) acima de 1% ao mês e esperamos que o índice de sinistralidade fique abaixo do nível do segundo trimestre, continuando a recuperação das margens”, diz trecho do relatório.
Ainda no que diz respeito às boas notícias do relatório do BofA, o Fleury apresenta resiliência com seu modelo de negócios. Para os analistas, o laboratório está vendo uma demanda robusta por testes, um indício de que a margem Ebitda deve ficar próxima aos 27% do segundo trimestre.
Apesar de otimistas com as perspectivas do setor de saúde, os analistas do BofA não mostraram o mesmo entusiasmo em relação à Qualicorp. Para eles, a administradora de planos de saúde não está conseguindo conter a saída de clientes, sendo um desafio ainda maior do que o esperado.
A companhia enfrentou nos últimos anos um cenário complexo. Sem poder reajustar os valores dos planos em 2020 e tendo que realizar um forte aumento em 2021, em um momento delicado da situação da economia, a empresa acabou perdendo muitos clientes.
E a expectativa não é de melhora, segundo o BofA, considerando que o segundo semestre é o período em que, normalmente, os preços são reajustados para cima, tornando difícil vislumbrar algum crescimento orgânico.
“Fora isso, a compra da SulAmérca pela Rede D’Or apresenta o risco de a Rede D’Or ter de vender parte ou toda participação na Qualicorp, o que deve gerar um overhang [risco de diluição potencial do capital social]”, destaca outro trecho do relatório.