Depois de dois anos de conversas, negociações e estruturação, a Members Exchange, nova bolsa de valores americana, começou a operar nesta segunda-feira, 21 de setembro. A primeira transação registrada foi a negociação de 100 ações da empresa de energia Consolidated Edison, a US$ 73,9 cada. 

Neste primeiro momento, os participantes da MEMX, a sigla atribuída à nova bolsa, poderão comprar e vender ações de outras seis empresas, além da Consolidated Edison. São elas Alphabet, Exxon Mobil, Ford Motor Co., Acasti Pharma, BlackBerry e o fundo iShares Ultra Short-Term Bond ETF, gerenciado pela BlackRock.

Mas tão importante quanto essas empresas que começam a ser comercializadas na MEMX são os nomes que estão por trás da nova bolsa. E são alguns dos maiores "figurões" de Wall Street.

Com sede em New Jersey, a nova bolsa foi fundada em 2019 por nove instituições financeiras, incluindo Bank of America, Charles Schwab, Virtu Financial, Morgan Stanley, Fidelity e Citadel Securities.

Desde então, a MEMX levantou mais de US$ 135 milhões em investimentos e trouxe a bordo mais de 40 membros, entre eles Goldman Sachs, JPMorgan, Jane Street Capital e BlackRock.

Além de injetar dinheiro, muitos dos investidores da Members Exchange pretendem concentrar suas transações na nova bolsa, o que lhe deve dar uma tração importante, sobretudo na "largada".

“Estamos preparados para ser agressivos e perder dinheiro em cada transação para fazer com que as pessoas participem”, disse o presidente da MEMX, Jonathan Kellner.

O grupo quer criar um concorrente às três principais bolsas dos Estados Unidos: a Nasdaq, a Bolsa de Nova York (Nyse) e a Cboe Global Markets, que concentram quase 60% de todo o volume de transações de ações negociadas nos Estados Unidos.

O consórcio por trás da MEMX surgiu depois de anos de frustração entre bancos de investimentos com as taxas cobradas pelas principais bolsas dos EUA.

Muitas empresas de Wall Street dizem que essas bolsas abusam de sua posição dominante no mercado para cobrar caro por dados de mercado e outros serviços importantes.

As três, Nasdaq, a Nyse e a Cboe Global Markets, alegam que suas taxas são razoáveis e negam o abuso de seu poder de mercado.

“Faz muito tempo que não há o lançamento de um novo mercado de ações nos EUA que tenha boas chances de sucesso”, disse Matthew Andresen, fundador da Headlands Technologies, uma empresa de trading que não está envolvida no  lançamento da MEMX, em entrevista ao The Wall Street Journal.

Embora essa nova bolsa de valores americana faça o mesmo que as outras 13 existentes, a Members Exchange quer se diferenciar cobrando taxas inferiores a de seus concorrentes. Em resumo, ela quer ser uma opção de baixo custo.

"Temos falado bastante sobre o custo crescente dos dados", disse Jason Sippel, chefe global de ações do JPMorgan, ao WSJ . "Reduzir os custos de dados irá beneficiar todos os nossos clientes."

Ao NeoFeed, o economista professor da UCLA, William Yu, disse que a novidade é mais do que bem-vinda. "A chegada da MEMX deve estimular a inovação e a competição no setor, o que tende a ser benéfico para todos os envolvidos".

Ainda pensando em expandir sua base de usuários, a MEMX vai disponibilizar gratuitamente dados de mercado e pagará mais aos corretores. A ideia é "normalizar" as taxas assim que o volume de operações for "significativo", mas os gestores da nova bolsa não revelam qual seria essa meta. Com uma tecnologia própria, a MEMX pretende também fazer de sua plataforma outro diferencial.

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