Os sinais de retomada operacional e a apresentação de um plano de expansão menos arriscado, apoiado na joint venture com a Bradesco Seguros, fez o Goldman Sachs ter uma visão mais construtiva em relação à tese de investimentos da Rede D’Or.
Essa combinação de fatores fez os analistas Gustavo Miele e Emerson Vieira decidirem elevar a recomendação para as ações da operadora de hospitais de neutro para compra e o preço-alvo de R$ 35 para R$ 38, vendo um potencial de alta de mais de 39% dos papéis sobre o preço de tela.
Segundo eles, o resultado da Rede D’Or no primeiro trimestre destacou a importância do posicionamento premium e o tamanho da companhia, o que permitiu à empresa reportar tendências operacionais e financeiras saudáveis, enquanto outros nomes, muito deles menores, viram uma deterioração da lucratividade no período.
“Embora não tenhamos evidências amplas baseadas em dados, olhando para métricas como endividamento e dias de recebimento de participantes selecionados do mercado, caso de Dasa, Oncoclínicas, Kora Saúde, Viveo, Elfa Medicamentos e Blau Farmacêutica, vemos que o primeiro trimestre continuou a apresentar KPIs [indicadores-chave de desempenho] financeiros suaves nessas frentes”, diz trecho do relatório.
Os analistas destacam que a escolha de olhar para Viveo, Elfa e Blau para analisar a situação da Rede D’Or ocorreu porque servem de termômetro para a situação do segmento de hospitais como tudo. E essas companhias têm visto o prazo médio de recebimentos aumentar, mostrando que a concorrência está pressionada, enquanto a Rede D’Or está numa situação confortável.
“Acreditamos que esta situação representa risco de alguma deterioração no nível de capacidade de serviço e investimento de vários concorrentes da Rede D'Or, que deveriam posicionar a empresa para capturar ganhos de participação de mercado e liderar o setor consolidação”, diz trecho do relatório.
O Goldman Sachs diz ainda que a Rede D’Or conseguiu melhorar o índice de sinistralidade (MLR, na sigla em inglês) da SulAmérica, em meio ao maior controle dos gastos e atenção a possíveis fraudes. A expectativa é de que a MLR deve continuar melhorando em meio à desaceleração menor que esperada nos preços dos reajustes dos planos e os esforços para controlar fraudes nos reembolsos.
A situação foi um dos principais fatores para os analistas revisarem para cima as expectativas para o resultado da Rede D’Or em 2024. A previsão do Goldman Sachs para o Ebitda consolidado neste ano subiu em 5,1%, para R$ 8,1 bilhões, com a margem alcançando 16,1%, mais do que os 15,7% calculados inicialmente. A expectativa para o lucro líquido foi reajustada em 16,6%, para R$ 3,2 bilhões.
Sobre o plano de expansão, os analistas afirmam que a joint venture com a Bradesco Seguros para investir na construção de empreendimentos pelo País, mais a recente revisão dos planos de expansão da companhia, divulgada no formulário de referência, publicado na sexta-feira, 31 de maio, fez com que eles passassem a ter uma visão mais construtiva quanto ao plano de expansão da Rede D’Or.
Em relação à joint venture, o Goldman Sachs apontou que ela também fortalece a relação com a Bradesco Saúde. “Estimamos que a Rede D’Or possa representar cerca de 20% das despesas com procedimentos médicos assumidas pela Bradesco Saúde, um pouco inferior à contribuição de 26% da Sul América no primeiro trimestre, e ainda mais nos planos de saúde premium”, diz trecho do relatório.
Por volta das 11h40, as ações RDOR3, da Rede D'Or, subiam 0,15%, a R$ 27,35. No ano, elas acumulam queda de 4,83%, levando o valor de mercado a R$ 61,7 bilhões.