O grupo Moët Hennessy Louis Vuitton (LVMH) vendeu sua participação de 49% na marca Stella McCartney, cinco anos após a aquisição. A movimentação ocorre em meio a uma fase de reorganização do portfólio de marcas do LVMH, que vem sofrendo com a desaceleração no mercado de luxo em todo o mundo.

No novo momento, a fundadora da marca, a designer britânica Stella McCartney, retomará o controle total do negócio. Os detalhes sobre o acordo não foram divulgados.

“Este novo capítulo reflete o desejo de Stella McCartney de escrever uma nova página da sua história com total independência, depois de ter trabalhado em estreita colaboração com o grupo para reforçar os fundamentos e a governação da sua casa”, afirmaram as empresas na nota.

Apesar do “voo solo”, o comunicado afirma que McCartney continuará a ocupar o posto de embaixadora global do desenvolvimento sustentável, aconselhando Bernard Arnault e as equipas de gestão da LVMH sobre assuntos ambientais.

Conhecida por sua pegada sustentável, a Stella McCartney foi fundada em 2001 por meio de uma joint venture com uma concorrente do LVMH, a Kering - dona de marcas como Gucci, Yves Saint Laurent e Bottega Veneta. A parceria se encerrou em 2018.

A LVMH foi responsável pelo “empurrão” na marca da designer, que passou por dificuldades durante a pandemia do Covid-19. Em 2022, dois anos após o começo da crise, McCartney continuava a registrar perdas em suas vendas, que totalizaram € 46,2 milhões naquele ano.

A virada de chave ocorreu quando a marca contratou um novo líder, o chefe do fundo americano Iconiq, Divesh Makan. Desde então, a marca conseguiu restabelecer seus números, atingindo a casa dos € 200 milhões em vendas nos últimos anos.

Apesar do bom desempenho, a LVMH tem sofrido com a queda no consumo chinês de produtos de luxo, problema que não se resume aos negócios da gigante francesa.

Ao longo de 2024, as vendas das principais marcas do mercado registraram perdas significativas. No primeiro semestre do ano, o valor de mercado das principais marcas de luxo havia recuado em US$ 200 bilhões.

Mesmo com um cenário desafiador, o Morgan Stanley elevou a recomendação do grupo LVMH para compra na última segunda-feira, 27 de janeiro.

"Embora a LVMH deva enfrentar uma série de desafios em 2025, as perspectivas do grupo melhoraram significativamente nas últimas semanas, devido a dinâmicas mais favoráveis na indústria, além de fatores específicos da empresa (melhoria nas perspectivas de marcas-chave como Vuitton, Tiffany e Bulgari)", afirmaram os analistas no relatório.

A LVMH deve divulgar seu balanço financeiro do quarto trimestre e do acumulado de 2024 nesta terça-feira, 28 de janeiro. Até o momento, o grupo está avaliado em US$ 391,4 bilhões.