PORTO ALEGRE – Muito se fala que a inteligência artificial (IA) é uma "onda" que vai revolucionar o mundo. Mas para Alex Szapiro, managing partner para a América Latina do SoftBank, a tecnologia está muito mais para um "tsunami", com o ritmo da mudança sendo muito difícil de acompanhar.
Ao mesmo tempo que representa um desafio para gestores, a tecnologia apresenta uma série de possibilidades de novos desenvolvimentos, especialmente para o Brasil e América Latina. Para ele, a IA significa uma oportunidade enorme para a região colocar para trás o atraso nas mais diferentes áreas da economia e competir com os países avançados em pé de igualdade.
"Na América Latina, vamos ver um leapfrog [salto] em muitas coisas", disse ele na quarta-feira, 9 de abril, em painel no South Summit Brazil, evento do qual o NeoFeed é parceiro de mídia. "Com a IA, não vai ter diferença estar no Brasil, na África ou na Europa, porque as ferramentas estão disponíveis para todos."
Nos últimos anos, o SoftBank vem investindo em diversos tipos de companhias, de áreas como saúde, finanças e logística – desde que chegou à região, em 2019, o SoftBank investiu US$ 8 bilhões em algumas das empresas mais importantes da região, como Nubank, Inter e Rappi. E para Szapiro, essas áreas podem ganhar impulso com a IA.
Ele afirmou ainda que a tecnologia deve ajudar a acelerar companhias que já apresentam cases robustos de inovação. Ele citou o caso do Nubank, cujos modelo de crédito podem ganhar impulso com o uso da IA, o que teria também como consequência melhorar a experiência financeira de clientes.
"Um bom modelo de crédito, que entende riscos, pode reduzir juros para muitas pessoas, algo muito importante para as pessoas na América Latina", disse.
A IA também pode ajudar a expandir a presença de companhias locais no cenário global, como é o caso da Blip. A startup de inteligência conversacional entre marcas e clientes, que levantou US$ 60 milhões com o SoftBank e a Microsoft no ano passado, possui uma base de informações robustas e está desenvolvendo uma inteligência artificial generativa (GenAI) capaz de disputar com outros nomes do mundo.

"Vemos muita coisa interessante em IA nascendo na região e que será exportada para o mundo", afirmou Szapiro.
Apesar de ser um "tsunami" no mundo dos negócios e dos investimentos, a IA não vai mudar os princípios que norteiam os investimento do SoftBank, que vem olhando para a tecnologia desde 2015, nem vai alterar os pontos que ajudam a tornar uma companhia atrativa.
Segundo Szapiro, a busca pelo talento nas companhias é um ponto fundamental num mundo em constante mudança e que exige adaptações bruscas.
"Uma empresa vai mudar três, quatro vezes ao longo do caminho", afirmou. "As empresas vão precisar de novos skills, os fundadores precisam ter coragem para eventualmente admitir que não são as melhores pessoas para o novo momento."
O foco no problema que se quer resolver é também um ponto que permanecerá. "Pessoalmente, não gosto quando vou conhecer um fundador e ele começa a falar sobre as coisas que estão fazendo, mas não sobre o problema que querem solucionar. Se começa a falar sobre ferramentas, mas não sobre os problemas, não acho que será um bom investimento", disse.