Em janeiro deste ano, a Daki chegou às ruas de São Paulo com a promessa de entregar produtos em até 15 minutos e rivalizar com nomes como Rappi e iFood. Em julho, veio a união com a americana Jokr, que lançou esse mesmo modelo em fevereiro, em países como Estados Unidos, México, Colômbia e Peru.
Agora, com a mesma velocidade que se propõe a chegar à casa dos consumidores, o grupo está alcançando um marco. Em operação há apenas dez meses, a startup brasileira e a Jokr anunciam nesta quinta-feira, 2 de dezembro, um aporte de US$ 260 milhões, tornando-se o mais novo unicórnio do mercado.
A rodada série B avalia a empresa em US$ 1,2 bilhão e contou com a participação dos fundos Tiger Global, Activant Capital, Balderton, Greycroft, G-Squared, HV Capital, Kaszek, Mirae Asset, Monashees e Moving Capital. O grupo não revelou qual investidor liderou o aporte.
O novo investimento chega pouco mais de quatro meses depois de o grupo de delivery levantar US$ 170 milhões (R$ 870 milhões) em um aporte série A liderado pelos fundos Tiger Global, GGV Capital e Balderton Capital.
“Somos uma das companhias mais rápidas a alcançar esse status na história”, diz o cofundador e CEO da Jokr, Ralf Wenzel. “Em poucos meses, nós tivemos um crescimento orgânico e uma retenção de clientes muito fortes.”
Cofundador e CEO da Daki, Rafael Vasto destaca outro ponto que destoa da tônica de boa parte do setor de delivery. “Esse crescimento expressivo vem sendo apoiado por ‘economics’ muito saudáveis”, afirma. “Já está estamos tornando o negócio rentável em algumas cidades e hubs prioritários.”
A Daki e a Jokr se diferem de empresas como Rappi e iFood ao apostarem em um modelo formado por dark stores e hubs próprios, de onde partem as entregas para os consumidores. Além de agilizar as entregas, a ideia é eliminar intermediários e conectar diretamente a indústria aos consumidores.
Com funcionamento de domingo a domingo, das 7h à 1h, essas estruturas contam com estoques próprios, em média, de mil produtos. O mix inclui categorias como mercearia, hortifruti, carnes & congelados, padaria, bebidas, limpeza e farmácia.
“Não somos um player que está apenas cobrando uma taxa de alguém nesse processo”, diz Vasto. “Essa indústria tem, tipicamente, margens entre 3% e 8%. E acreditamos que conseguimos chegar a algo entre 7% e 15%.” Wenzel acrescenta: “É um modelo mais eficiente. Nós controlamos cada elo da cadeia.”
Hoje, no mercado brasileiro, a Daki tem cerca de 60 dark stores nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, além de estar presente em praças como Campinas (SP), Guarulhos (SP), ABC paulista e Niterói (RJ).
Com a nova rodada, boa parte dos investimentos no País será concentrada na expansão desse mapa de atuação, a começar pela chegada em Belo Horizonte.
“Temos um plano montado para outras capitais, possivelmente, já na virada do ano”, afirma Vasto. “Nossa projeção, para 2022, chegando a outros estados, é ter 150 dark stores, e não apenas em capitais. Vamos expandir a infraestrutura, o que inclui a nossa equipe.”
Ele acrescenta que essa expansão seguirá a ótica de investir em uma abordagem local, já adotada em todas as suas operações, com o desenvolvimento de fornecedores e a oferta de produtos mais aderentes aos consumidores de cada região.
“Estamos criando uma plataforma extremamente robusta globalmente e temos muitas estratégias e aprendizados que podemos compartilhar com a Jokr”, afirma Vasto. Hoje, a Jokr tem 200 lojas em 15 cidades, entre elas, Bogotá, Cidade do México e Nova York. “Mas, ao mesmo tempo, nossos negócios são essencialmente locais. Cada bairro, cidade e país é diferente.”
Com esse modelo e o novo aporte, a Daki se une a outras startups que passaram a integrar a lista de unicórnios locais no decorrer desse ano. Essa relação inclui nomes como CloudWalk, MadeiraMadeira, Unico e CargoX.
Segundo o hub de inovação Distrito, o mercado brasileiro já atraiu US$ 8,85 bilhões de aportes em startups no acumulado de janeiro a novembro, por meio de 677 rodadas. O volume é quase três vezes maior ao montante registrado em 2020, de US$ 3,65 bilhões.