Marcelo Claure, homem de confiança do fundador do Softbank, Masayoshi Son, que trouxe o fundo para a América Latina, está deixando o grupo e vai ter o seu próprio fundo que deve ter atuação global.
A notícia foi publicada pelo site americano CNBC e foi confirmada pelo NeoFeed. O anúncio deve ser feito nesta quinta-feira, 27 de janeiro, mas já foi comunicado, informalmente, para alguns funcionários do fundo.
Michel Combes, que é braço direito de Claure, é quem vai assumir o seu lugar, ao menos neste momento, apurou o NeoFeed.
A saída de Claure estaria relacionada a divergências sobre a sua remuneração. Ele teria pedido uma compensação de US$ 2 bilhões como pagamento por ter tirado o WeWork do fundo do poço, segundo o jornal americano The New York Times.
Claure, que é boliviano, foi o responsável pela criação de um fundo específico do Softbank para investir em startups na América Latina, em 2019. Atualmente, o Softbank conta com dois fundos, que somam US$ 8 bilhões.
“O Claure tem moral para levantar o fundo dele e já sair jogando com a bola rolando”, disse ao NeoFeed um investidor, que foi informado sobre a saída de Claure.
A notícia não pegou os funcionários do Softbank de surpresa. Desde dezembro do ano passado circulavam rumores de que Claure estaria de saída do fundo. Procurado, o Softbank disse que não iria comentar.
Celeiro de unicórnios
Desde que começou a investir na América Latina, o Softbank construiu um portfólio com mais de 45 startups. Destas, 15 delas se tornaram unicórnios, como são chamadas as companhias que atingem uma avaliaçao superior a US$ 1 bilhão.
Entre as startups que se tornaram billionárias estão startups QuintoAndar, Kavak, Rappi, Mercado Bitcoin, Loggi, Loft e MadeiraMadeira.
Ao anunciar o seu segundo fundo para a região, em setembro do ano passado, o Softbank informou também seus planos de começar a atuar em startups em estágio inicial.
Para comandar essa área, o fundo recrutou Rodrigo Baer, ex-Redpoint eventures, e por Marco Camhaji, ex-diretor de desenvolvimento de negócios da Amazon no Brasil, onde atuou estabelecendo parcerias com fintechs. Desde então, o Softbank começou a assinar cheques de valores menores para startups early stage.
Longa trajetória
Claure está no Softbank desde 2013. Na época, ele havia vendido a sua empresa BrightStar para o grupo de Masayoshi Son por US$ 1,2 bilhão.
Aos poucos foi ganhando destaque no Softbank. Como CEO da operadora de telefonia Sprint, ele fez o turnaround da companhia e esteve por trás da fusão com a T-Mobile, em 2020.
Ele esteve à frente da recuperação do WeWork, a empresa de escritórios compartilhados que quase foi a falência por conta de uma série de problemas de governança.
A empresa iria abrir o capital em 2019 e buscava uma avaliação de US$ 47 bilhões. No fim, teve de ser resgatada pelo Softbank para não ir à bancarrota.
A listagem do WeWork só aconteceu no ano passado, por meio de um SPAC. Hoje, a companhia negocia na Bolsa de Nova York e é avaliada em US$ 5,5 bilhões.