A Riverwood Capital conclui a captação de seu quarto fundo de investimento e levantou US$ 1,8 bilhão para investir em startups globalmente. Uma parte deste dinheiro será direcionada para a América Latina.

“Temos visto o apoio dos nossos investidores, uma vez que estamos nos beneficiando de nossa consistência ao longo dos anos”, diz Francisco Alvarez-Demalde, cofundador e managing partner da Riverwood Capital, em entrevista ao NeoFeed. No total, a gestora já levantou US$ 7,3 bilhões com seus fundos.

Com cheques entre US$ 25 milhões e US$ 100 milhões, a tese de investimento do quarto fundo para a América Latina não sofreu alterações em relação ao que a gestora já vinha fazendo nos últimos anos. O plano é apostar em empresas que já tenham clientes, modelos de negócios consolidados e alto potencial de escalabilidade.

No radar estão principalmente companhias que desenvolvem softwares – sejam aqueles utilizados para fornecer infraestrutura para um determinado setor, como os produtos que permitem a digitalização de um determinado serviço. “Há uma grande oportunidade em softwares”, diz Alvarez-Demalde.

A Riverwood não determinou um valor exato de quanto será aportado na América Latina. A tendência, porém, é de que uma fatia de pelo menos 20% do valor captado neste novo veículo seja desembolsada para escalar startups latino-americanas.

Na sexta-feira, 17 de novembro, a gestora deu um exemplo de onde vai investir o capital ao liderar um aporte na Logcomex. A startup que utiliza inteligência artificial e big data para fornecer ferramentas para o setor de comércio exterior levantou US$ 32,5 milhões em uma rodada de série B.

Com o investimento na Logcomex – que é o quinto feito utilizando o capital do novo fundo –, a Riverwood já investiu em 31 startups latino-americanas em seu portfólio. “A América Latina vem sendo parte importante da nossa estratégia”, diz Alvarez-Demalde.

O Brasil conta com cerca de um terço das 35 investidas que estão ativas no portfólio da Riverwood na América Latina. Entre elas estão Arquivei, CRM&Bonus, Dock, Cortex, Gupy, Pixeon, Intelipost, Omie, Petlove, QuintoAndar e Vtex. Companhias como 99, Mandic, Netshoes e RD Station também já fizeram parte da carteira.

Em relação aos desinvestimentos, Alvarez-Demalde diz que houve uma aceleração nas saídas por conta do momento do mercado nos últimos anos. “O entusiasmo no setor de tecnologia atingiu o pico em 2021, e tivemos sorte de fazer várias saídas naquele ano, seja por IPOs ou por M&As, como a venda da Mandic para a Claranet", diz Alvarez-Demalde.

Com a correção do mercado nos últimos dois anos, o investidor diz que agora "todo mundo se tornou mais cauteloso", o que gera uma menor atividade em relação aos desinvestimentos. No ano passado, a Riverwood fez apenas um desinvestimento na América Latina com a venda da fintech argentina Technisys, de software bancário, para a SoFI Technologies.

“Bons negócios que estão crescendo e aumentando suas margens vão sempre encontrar uma saída, seja qual for o momento da empresa”, diz Alvarez-Demalde. A expectativa do executivo é de que os M&As e aberturas de capital se intensifiquem entre 2024 e 2025. “Quando as coisas ficam mais estáveis, haverá mais atividade.”