A Uber divulgou lucro líquido de US$ 1,43 bilhão em 2023, o seu primeiro resultado positivo anual como empresa pública (o IPO do aplicativo de transportes aconteceu em maio de 2019).

Para este ano, a companhia projetou um crescimento contínuo no primeiro trimestre, marcando o fim de uma era em que a empresa de corridas e entrega de alimentos dava prioridade ao crescimento sobre os lucros.

O lucro reportado incluiu um benefício de US$ 1 bilhão de seus investimentos de capital, bem como receitas de suas operações. A única vez que a empresa reportou lucro anual foi em 2018 (antes de abrir capital), com base nos seus investimentos.

Desde então, as operações não se mostravam lucrativas, com a companhia mais preocupada em ganhar market share. Mas, para analistas, o resultado da empresa e seu guidance para 2024 mostram que a empresa agora buscará lucro.

O desempenho da empresa nos últimos três meses de 2023 sugere que a procura pelos seus serviços de viagens e entrega de comida continuam forte.

O valor total das transações em seu aplicativo cresceu 22%, para US$ 37,58 bilhões. A receita da Uber, ou a parte proveniente dessas transações, aumentou 15%, para US$ 9,93 bilhões. Os números trimestrais foram ligeiramente superiores às expectativas de Wall Street.

Nos últimos três meses de 2023, a receita de mobilidade da empresa cresceu 34% e a receita de entrega expandiu 6%, enquanto a receita de frete caiu 17%. Para o primeiro trimestre deste ano, a Uber espera que o valor total das transações em seu aplicativo fique entre US$ 37 bilhões e US$ 38,5 bilhões.

De 2016 até o primeiro trimestre de 2023, a Uber acumulou perto de US$ 30 bilhões em perdas operacionais, de acordo com a S&P Global Market Intelligence. Esse é um grande exemplo de startup que aproveitou a fácil disponibilidade de capital durante grande parte da última década para focar em crescimento.

A Uber apenas começou a controlar os custos em 2019, e depois sofreu um duro impacto com a pandemia, que reduziu drasticamente suas operações de transporte. Sua vertical de entrega de alimentos foi a salvação da empresa nesse período. Com a queda drástica de receita, a Uber reduziu o número de funcionários e abandonou negócios não essenciais, como carros autônomos, durante a pandemia.

Sua resposta à crise foi melhor do que a de seus principais concorrentes na abertura da economia, o que ajudou a Uber a ganhar participação de mercado.

Uma de suas principais concorrentes, a Lyft, que reduziu suas perdas ao longo dos anos e agora é liderada por um novo CEO, ainda não registrou seu primeiro lucro operacional. A divulgação dos resultados está prevista para a próxima semana.

No fechamento do mercado de terça-feira, as ações da Uber mais que dobraram em relação aos 12 meses anteriores. Agora, a Uber está avaliada em US$ 145 bilhões. O Nasdaq Composite Index, de alta tecnologia, subiu cerca de 30% e as ações da Lyft caíram cerca de 25% no mesmo período.

A Uber expandiu a publicidade em seu aplicativo no ano passado e diz que continuou a ser mais disciplinada em relação aos gastos com descontos aos consumidores e incentivos aos motoristas. A empresa também afirma que também melhorou a combinação de entregas e a redução de erros, o que melhorou a sua eficiência operacional.

A Uber cortou também centenas de empregos no ano passado para se manter enxuta. Em janeiro, anunciou que iria encerrar o serviço de bebidas alcoólicas Drizly, com o objetivo de integrá-lo totalmente ao seu serviço Uber Eats.

E a empresa está certa em ser mais conservadora, à medida que desafios regulatórios surgem para a unidade de entrega de alimentos da Uber. As cidades de Nova York e Seattle adotaram recentemente novas leis destinadas a aumentar os salários dos motoristas, levando o Uber Eats a cobrar novas taxas aos consumidores para compensar os custos adicionais.