Toda a atenção dos investidores globais está nos Estados Unidos, o motor de crescimento mundial nos últimos anos, e no seu novo presidente Donald Trump e suas medidas de desregulamentação e taxação comercial. A grande questão é para onde vai a taxa de juros americana, que ditará as oportunidades de investimentos.
Para Luiz Osório, gestor internacional da SOMMA Investimentos, as medidas de Donald Trump para a economia se resumem em aumento de despesas ou redução de receitas, o que gerará uma inflação maior que dificultará a trajetória de queda de juros, hoje na faixa de 4,25% a 4,5%.
“Antes a previsão é que haveria quatro cortes de 0,25 ponto percentual no ano. Agora, a minha expectativa é que ocorra apenas dois. Mas tem gente já considerando que nem haverá cortes”, afirma Osório, em entrevista ao Wealth Point, programa do NeoFeed que tem o apoio do Banco Master.
Esse cenário se torna interessante para investimentos em renda fixa americana, principalmente porque o dólar tende a continuar mais valorizado que o euro e a libra esterlina. Mas principalmente frente a moedas emergentes, como o real, que se desvalorizou 27% em relação ao dólar em 2024.
“Não se sabe quando, mas o cenário base ainda é uma redução de juros, gerando oportunidades na renda fixa que pode ser capturada de forma passiva comprando treasuries ou ETFs, mas preferindo durations mais curtas”, diz Rodrigo Samaia, head de produtos internacionais da EQI Investimentos.
Uma estratégia interessante é investir em fundos de renda fixa ativos, que podem capturar ganhos com a expectativa de queda de juros e com a volatilidade do mercado. Mas é na bolsa americana que estão as maiores oportunidades de ganho.
Apesar de se esperar um retorno mais comedido este ano do que os 23% do S&P 500 e 30% da Nasdaq de 2024, as políticas de desregulamentação de Trump tendem a dar um impulso para as empresas e sustentar uma valorização de dois dígitos.
Nos últimos anos, as chamadas 7 magníficas (Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla) puxaram o crescimento do S&P 500, concentrando 40% do índice, enquanto as demais empresas, em geral, patinaram.
“Em um mundo em que todo o fluxo de capital está indo para essas empresas de valuations esticados, mas temos uma economia americana se reerguendo e com incentivos, é importante começar a olhar para o restante do mercado”, afirma Samaia.
Uma forma de capturar as empresas que mais vão se beneficiar é escolhendo bons gestores de ações americanas, mas também é possível montar um portfólio de ETFs setoriais que estejam descorrelacionados do S&P 500, com diversas opções no mercado offshore.
E tecnologia tem que ser uma parte importante do portfólio, pela sua capacidade de disrupção e pelos ganhos acima do mercado. Mas o investidor tem de olhar além das 7 magníficas – há diversas outras oportunidades com valuations muito atrativos, e não só nos Estados Unidos.
A SOMMA Investimentos, por exemplo, mapeou as empresas de tecnologia nas grandes bolsas do mundo (EUA, Europa, Ásia) e identificou 1.200 empresas que somam mais de US$ 15 trilhões em valor de mercado.
“Tecnologia é um setor no qual o investidor de longo prazo não pode estar de fora, mas como não se sabe o que vai acontecer nos próximos anos é preciso diversificar. Há mais de mil empresas gerando oportunidades”, diz Osório.
Apesar de os EUA ocuparem cerca de 70% de um portfólio global, é preciso ter Europa e Ásia para diversificá-lo.
Na Europa, no entanto, as perspectivas de crescimento são baixas, devido a questões geopolíticas e a alta no preço da energia, além da transição de governos, como Alemanha e França.
Na Ásia, por sua vez, Japão e Coreia de Sul estão voltando a apresentar melhores resultados e a China está mudando seu modelo de crescimento, com grande potencial de criar tecnologia.