Nos debates sobre o futuro do mercado financeiro, um tema é recorrente: a ameaça aos grandes bancos personificada nas fintechs. Para muitos, com sua velocidade e ofertas menos burocráticas, as startups desse segmento têm tudo para atropelar boa parte dos gigantes tradicionais do setor.
No Brasil e no exterior, esse contexto já se traduziu em relações nada amistosas, por vezes, quase bélicas. Uma pesquisa divulgada pela consultoria americana CB Insights faz, no entanto, um contraponto interessante a essa disputa. E com a participação de três dos nomes de maior peso dessa indústria
Segundo o estudo, os bancos Goldman Sachs, Citi e JP Morgan são os participantes mais ativos nas rodadas de aportes em fintechs registradas no mercado americano. Somente em 2019, o trio investiu em 22 dessas startups.
Muitas dessas novatas atraíram mais de uma das três instituições em seus respectivos processos de captação. Um exemplo é a Second Measure, que usa recursos de inteligência artificial para analisar dados de cartões de débito e de crédito. Em fevereiro, a companhia levantou US$ 20 milhões em uma rodada que contou com a participação do Citi e do Goldman Sachs.
O Goldman Sachs foi justamente o banco que mostrou mais apetite no período. Foram 14 acordos, com destaque para os aportes na Carta, de gestão de participações, e na Marqeta, de meios de pagamento para o varejo e o comércio eletrônico. As duas rodadas atraíram, respectivamente, US$ 300 milhões e US$ 260 milhões.
Já o Citi, por meio do Citi Ventures, abriu os cofres em seis rodadas nesse intervalo. Boa parte desses investimentos está relacionada à estratégia da instituição para construir uma infraestrutura de open banking.
Com 14 acordos, o Goldman Sachs foi quem mais mostrou apetite no período
Com maior foco em startups financeiras ligadas a pagamentos e transações no mercado de capitais, o JP Morgan, por sua vez, participou de quatro processos.
Em 2019, os bancos americanos como um todo participaram de 24 rodadas de investimentos em fintechs. As principais vertentes foram startups com serviços financeiros ligados a real estate, mercado de capitais e gestão de riquezas.
No relatório, a CB Insights destacou que duas frentes estão por trás do desembolso dos bancos americanos nas novatas do mercado financeiro. A primeira delas é o potencial de obter retornos elevados com o desinvestimento, em médio prazo. E a segunda, a possibilidade de queimar etapas de desenvolvimento ao incorporar tecnologias criadas por essas empresas.
No Brasil, a aproximação entre esses dois mundos também é uma realidade. Dois dos principais bancos do País já têm iniciativas consolidadas nessa direção.
O Bradesco, por exemplo, criou o Inovabra Habitat. Instalado em São Paulo, o local é um hub de inovação que reúne startups e grandes empresas. Outra frente é o Inovabra Ventures, braço de investimento em empresas novatas, não necessariamente fintechs.
Já o Itaú Unibanco mantém o Cubo, também em São Paulo, desde setembro de 2015. Com coworking e programação de eventos, o espaço abriga startups, empreendedores e investidores.
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