A LVMH está perdendo o status de maior empresa de luxo do mundo para a Hermès, com suas ações recuando mais de 7% na terça-feira, 15 de abril, após registrar resultados bem abaixo do esperado no primeiro trimestre.
A derrocada dos papéis está fazendo com que a dona da marca Louis Vuitton passe a valer € 247 bilhões. Já a Hermès, fabricante das bolsas de luxo Birkin e Kelly, registra agora um market cap de € 248 bilhões, mesmo com suas ações recuando 0,4%.
Em 12 meses, as ações da LVMH registram queda de 38,3%, com a companhia sofrendo com os efeitos da queda do consumo que atinge o setor de luxo, junto com as consequências das tarifas de Donald Trump sobre produtos da China, onde boa parte dos produtos do segmento são feitos, além de sua própria estratégia.
Os resultados da LVMH reforçaram o pessimismo com a tese da empresa. As vendas da unidade de moda e produtos de couro, principal unidade de negócios, recuaram 5% no primeiro trimestre, em base anual. A queda frustrou as expectativas dos analistas, que esperavam um aumento de 1%, segundo o jornal Financial Times.
A Hermès, por sua vez, tem sentido menos esse cenário, através de uma estratégia de produtos altamente exclusivos e com peças limitadas, voltados para um público de altíssima renda.
A LVMH, por sua vez, se tornou um conglomerado com 80 marcas, desde bolsas e joias, até bebidas, visando alcançar uma parcela maior de consumidores, resultando numa saturação de produtos.
Os consumidores da Hermès se propõem a esperar por meses, até anos, numa lista de espera para conseguir comprar uma bolsa da Kelly, que pode valer mais de € 80 mil. Os produtos da empresa conseguem até ser vendidos a valores maiores no mercado secundário.
Esta estratégia de foco na exclusividade ajudou a Hermès a fechar a diferença de market cap com a LVMH. Em 12 meses, as ações da Hermès acumulam alta de 2,08%, sendo negociadas a um valuation esticado, a múltiplo P/L de 50 vezes, acima de seus rivais.
Enquanto no ano passado as vendas da LVMH registraram queda de 2%, para € 84,7 bilhões, a receita da Hermès encerrou 2024 com alta de 13%, a € 15,2 bilhões.
A expectativa é de que o desempenho da Hermès continue descolado de seus pares no momento em que os Estados Unidos conduzem uma guerra comercial pelo mundo.
Além de ter elevado em mais de 100% as tarifas sobre produtos chineses, o governo americano aplicou no começo do mês uma taxa extra de 20% sobre produtos importados da União Europeia (UE), que acabou reduzida a 10% por 90 dias.
A situação, combinada com o fim do forte consumo visto durante a pandemia, pesa não apenas sobre a LVMH, mas em outras marcas de luxo.
No acumulado de 12 meses, as ações da Kering caem 53,6% e os papéis da Burberry recuam 44,1%. Mesmo a L’Oréal está sofrendo, diante dos sinais de desaceleração do consumo – suas ações recuam 17,4% no mesmo período.