Quando o Itaú divulgou os resultados de 2024, em fevereiro, o CEO Milton Maluhy Filho destacou que o banco permaneceria apresentando resultados sólidos, sem sustos ou sobressaltos. E os primeiros números de 2025 mostram que a instituição seguiu sendo um case seguro, ao mesmo tempo em que consegue elevar sua rentabilidade e ter bom desempenho em crédito.
O maior banco privado do País fechou os primeiros três meses do ano com um lucro líquido recorrente de R$ 11,1 bilhões, um aumento de quase 14% em relação ao mesmo período do ano anterior e 2,2% ante os três meses anteriores.
O resultado ficou levemente acima das expectativas dos analistas, com a média das projeções compiladas pela Bloomberg apontando para um ganho de R$ 11,073 bilhão.
O retorno recorrente sobre o patrimônio líquido médio anualizado (ROE) foi de 22,5%, um avanço de 0,6 ponto percentual em base anual e de 0,4 ponto percentual em relação ao quarto trimestre de 2024.
“A solidez dos nossos indicadores financeiros demonstram o quanto o Itaú Unibanco está preparado e forte para enfrentar desafios e aproveitar oportunidades no curto e no longo prazo, gerando valor real para clientes, investidores e a economia brasileira”, diz Maluhy em nota.
Um dos pontos em que o Itaú quer manter a consistência e a segurança é na parte do crédito, de olho na situação macroeconômica. O banco adotou uma postura mais cautelosa para 2025, projetando para este ano um crescimento de 4,5% a 8,5%, abaixo dos 15,5% apurados em 2024.
Os resultados do primeiro trimestre mostram que a carteira total avançou 13,2% em base anual, para R$ 1,4 trilhão. Na comparação trimestral, o valor representa uma queda de 1,7%.
A margem com clientes nos primeiros três meses do ano cresceu 14% em base anual e 3,2% em relação ao quarto trimestre do ano passado, para R$ 29,4 bilhões. No guidance, o Itaú projeta um crescimento de 7,5% a 11,5% da margem financeira com clientes neste ano.
Para um gestor ouvido pelo NeoFeed, esses resultados comprovam a qualidade da tese do banco. “O Itaú nunca dá susto nos investidores. Mas mesmo assim o resultado veio melhor que o esperado", diz ele, que pediu para não ser identificado.
Outro indicador que apresentou solidez foi o índice de inadimplência acima de 90 dias, que alcançou 2,3% no primeiro trimestre. Isso representa uma queda de 0,4 ponto percentual ante o mesmo intervalo de 2024 e de 0,1 ponto percentual em relação ao reportado nos três meses anteriores, com o índice atingindo o menor valor dos últimos 17 trimestres.
O banco destacou que a inadimplência da carteira de pessoas físicas fechou o trimestre em 3,6%, o menor patamar da história, com redução de 0,6 ponto percentual no ano.
A despesa com perda esperada foi de R$ 9,5 bilhões. O montante representou uma queda trimestral de 0,7% e aumento de 2,5% sobre o primeiro trimestre de 2024. Vale destacar que entrou neste ano as mudanças contábeis impostas pela resolução 4.966 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que alterou regras de provisionamento, prejudicando as comparações.
As receitas de serviços e seguros cresceram 5,6% em comparação com o mesmo período de 2024, impulsionadas pelo aumento do faturamento em emissão de cartões e maiores ganhos com administração de recursos, além do crescimento de 16% no resultado de seguros.
Em base trimestral, recuou 3,3%, com a redução nas receitas com administração de fundos, pois no trimestre anterior ocorreu reconhecimento de performance fee, normalmente concentrado no segundo e no quarto trimestre do ano, além da questão da sazonalidade.
O índice de eficiência do Itaú – variável que mensura o custo de um banco para gerar receita – foi de 38,1%, uma queda de 0,2 ponto percentual na comparação com um ano antes. As despesas não decorrentes de juros alcançaram R$ 15,8 bilhões, aumento de 9,8% em base anual. Os investimentos em tecnologia puxaram as despesas, além do aumento de custos com pessoal, segundo o banco.
As ações preferenciais do Itaú fecharam o dia com alta de 0,80%, a R$ 35,32. No ano, os papéis acumulam alta de 27,1%, levando o valor de mercado a R$ 358,6 bilhões.