A HIX Capital comprou 70% da GeoCapital em um movimento que marca sua estreia em investimentos internacionais – até agora, a gestora fundada pelos irmãos Rodrigo e Gustavo Heilberg estava focada em ações brasileiras e em private equity.
A GeoCapital é uma das gestoras brasileiras pioneiras em investimentos internacionais e foi fundada por Pino Di Segni, ex-sócio e parte da equipe de private banking da Hedging-Griffo de 1996 a 2006, Oliver Mizne e Daniel Martins, em 2013. Atualmente, está com R$ 650 milhões sob gestão, mas, no auge, já teve mais de R$ 1,5 bilhão sob gestão.
“A gente vê muito valor na combinação de um time de research global com local”, diz Gustavo Heilberg, sócio da HIX Capital, com exclusividade ao NeoFeed. “A barra de qualidade cresce, aprendemos com os modelos lá fora e olhamos os negócios aqui com uma lente diferente.”
Com a transação, o grupo composto por HIX Capital, GeoCapital e Hire, braço de real estate da família Heilberg, passa a contar com R$ 3,5 bilhões sob gestão. Di Segni passa a ser sócio da HIX Participações – Mizne e Martins estão deixando o negócio.
“Os clientes vão olhar para a gente como uma casa mais robusta e vão se sentir mais confortáveis”, afirma Di Segni, ao NeoFeed. “A junção permite criar alternativas diferentes para os clientes.”
O time de investimentos da GeoCapital está sendo incorporado pela HIX Capital. Arthur Siqueira, sócio da GeoCapital desde 2017, seguirá como responsável pela liderança do time de investimentos, pelos processos de análise e pela gestão dos portfólios globais, agora sob a supervisão de Rodrigo Heilberg, CIO das estratégias líquidas da HIX.
A GeoCapital atuará como uma unidade de negócios independente, integrada à estrutura da HIX, e sua partnership será mantida, com os principais membros da equipe no quadro societário.
Di Segni seguirá como principal investidor dos fundos da GeoCapital e passará a integrar o advisory board da HIX, contribuindo para o desenvolvimento estratégico da empresa.
A GeoCapital atua com quatro estratégias de investimento. A Flagship, a principal delas, é responsável por 85% dos ativos sob gestão e conta com um portfólio composto por 25 empresas, com exposição máxima de 8%.
A tese é comprar companhias consideradas excelentes quando estão baratas, independentemente do setor e do país onde a empresa é listada. Hoje, o portfólio está mais concentrado nos Estados Unidos e Europa.
As principais posições da GeoCapital são Microsoft, Alphabet, Deere & Company, ASML e Airbnb. A gestora investe também em Novo Nordisk (farmacêutica), LVMH (luxo) e Adobe (tecnologia), um exemplo de como o setor não é um fator que define as alocações.
Para chegar a essas empresas, a GeoCapital desenvolveu uma metodologia que analisa centenas de companhias, faz cenários de evolução do valor delas em um, três e cinco anos e monitora o melhor momento para investir.
O time da GeoCapital já analisou mais de 500 empresas em diferentes setores e regiões do mundo, construindo uma base de conhecimento registrada em um sistema proprietário, o SGI – que documenta todo o histórico de análises e decisões.
Por outro lado, a HIX Capital está concentrada no Brasil. Suas principais posições são Eneva, Orizon, OceanPact e Plano&Plano. Em private equity, investe na Vórtx, LG Lugar de Gente, Omie e F360.
A tese de investimentos internacionais tem crescido entre gestoras independentes como forma de buscar diversificação de risco nos ativos. Mas, com a chegada de empresas como a Avenue, comprada pelo Itaú, seguida por outros bancos, essa estratégia acabou se popularizando, atingindo, inclusive, investidores pessoa física.