Desde que criou a Avenue, há cerca de seis anos, o fundador e CEO da companhia, Roberto Lee, passou a conectar todas as pontas do mercado financeiro nacional para levar aos EUA. De investidores a consultorias financeiras, muitos “partiram para a América” de olho em produtos que vão de ações a bonds, de fundos a títulos públicos americanos. “Nossa missão sempre foi ajudar a criar o ecossistema”, diz Lee ao NeoFeed.

Agora, a Avenue, que tem o Itaú como sócio e conta com mais de 1 milhão de clientes, se prepara para mais uma etapa na construção desse ecossistema. Dessa vez, a empresa vai levar gestoras brasileiras para servir investidores brasileiros nos Estados Unidos. “Estamos desenvolvendo isso há dois anos”, diz Lee com exclusividade ao NeoFeed.

Batizada de Avenue Fund Hub, a infraestrutura criada pela empresa vai permitir que gestoras brasileiras criem e vendam produtos de gestão de ativos offshore. “Isso se transforma em uma grande oportunidade para as gestoras daqui servirem os clientes brasileiros no exterior”, diz Carlos Ambrósio, general manager da Avenue.

“Eles conhecem os clientes brasileiros e os clientes brasileiros têm profundo conhecimento deles”, diz Lee. A primeira gestora a entrar foi, obviamente, a da Itaú Asset. Mas já estão na fila para entrar um fundo da BTG Asset, outro da Kinea e mais um da Verde Asset Management. Além desses, a Avenue está conversando com outros players.

“Mas estamos cuidado para não criar sobreposição de produtos”, diz Ambrósio. Por isso, cada gestora está indo com uma tese específica. A Verde, por exemplo, vai com renda variável. A BTG Asset com renda fixa, Kinea com produto de real estate e Itaú é um asset alocation e também renda fixa.

A Verde vai disponibilizar na plataforma o seu fundo Mundi Ações Globais, gerido por Daniel Campion e Thiago Harada. O fundo é um velho conhecido dos brasileiros, conta com R$ 1,5 bilhão de patrimônio, investe em ações nos EUA, Europa e Ásia e, desde 2019, rendeu 143% em reais.

Apesar de estar em outras plataformas, os gestores dizem que a vantagem de entrar em uma na grade de uma empresa voltada para investidores internacionais é a de que não é preciso convencer o investidor a dolarizar parte do patrimônio.

“É o investidor que já entende a importância de dolarizar os investimentos”, diz Harada. Isso, segundo os dois gestores, pode abrir uma porta de captação ainda maior. Afinal, trata-se de um investidor global, que está no Brasil e fala português. Tem, obviamente, mais familiaridade com as gestoras nacionais. “E performamos tão bem quanto assets estrangeiras”, diz Campion.

Lee diz que isso vai abrir “um novo potencial de receitas bizarramente fortes para as gestoras brasileiras”. O pulo do gato, segundo Ambrósio, foi construir um arranjo para que fosse simples e mais barato para que as gestoras brasileiras conseguissem oferecer seus produtos. “Esse hub conecta o gestor, com o administrador, com o custodiante, com o cliente de uma forma simples”, diz Lee.

Os investimentos poderão ser feitos a partir de US$ 1 mil e outros produtos demandarão tíquetes maiores. Alguns fundos já existiam e estão sendo plugados e outros estão sendo criados especialmente para a plataforma. A Kinea, por exemplo, está criando um fundo de real estate para a o hub da Avenue. “Fazendo um trabalho de futurologia, acredito que para algumas assets esses serão os maiores produtos das casas”, diz Lee.

Hoje, na alocação da Avenue, um terço do que é captado vai para fundos. E geralmente vão para gestoras que as pessoas conhecem. Para as gestoras brasileiras, conhecidas aqui, será uma vantagem competitiva. E, independentemente das turbulências globais causadas pelas tarifas de Donald Trump, os executivos da Avenue dizem que o investimento internacional se tornou estrutural.

“O que eu acho que aconteceu é que o brasileiro aprendeu ter uma segunda conta separada em outra moeda e olhar a vida em outra moeda”, diz Ambrósio. Os novos clientes que estão entrando fazem um primeiro aporte de, em média, US$ 60 mil e, em alguns casos, chegam a mais de US$ 1 milhão.