Fruto da cisão da operação americana da Holcim, fabricante suíça de materiais de construção, a Amrize debutou como empresa de capital aberto na segunda-feira, 23 de junho, ao concretizar suas listagens nas bolsas de Nova York e Zurique.

Nessa dupla estreia, a reação inicial dos investidores também esteve dividida. Em seu primeiro dia de negociações nos Estados Unidos, sua “terra natal”, os papéis fecharam o pregão cotados em US$ 51,99, o que representou uma alta de 1,25% e deu à empresa um valor de mercado de US$ 28,7 bilhões.

Já na bolsa de valores suíça, o desempenho seguiu na contramão dessa alta. Por lá, as ações da Amrize encerraram o dia com uma queda de 14,54% e as ações cotadas a 39,31 francos suíços, avaliando a companhia em cerca de 22,3 bilhões de francos suíços (aproximadamente US$ 27,2 bilhões).

Além das divergências nessa largada, o valuation ficou aquém do patamar de US$ 30 bilhões projetado inicialmente pelo mercado, o que, caso se concretizasse, configuraria o maior spin-off até o momento em 2025, segundo dados da consultoria Dealogic.

Apesar desse contexto, a visão é, a princípio, construtiva para a Amrize, maior fornecedora de cimentos da América do Norte e cujas operações se dividem entre empreendimentos corporativos, residenciais e infraestrutura.

Essa percepção mais otimista sobre o papel é justificada pelo fato de que a companhia obtém a maior parte do cimento e de outros materiais no mercado americano. O que, em tese, pode beneficiar a empresa caso as tarifas de Donald Trump tragam impactos nos preços dos materiais importados.

Outro ponto que reforça essa avaliação é o aumento dos gastos do governo americano, nos planos federal e estadual, na área de infraestrutura. Essa conta envolve, por exemplo, o projeto de lei de infraestrutura com investimentos de US$ 1 trilhão, assinado em 2021.

A crescente demanda por data centers e os investimentos em reparos e reformas, que representam quase a metade dos negócios da Amrize também foram destacados por Jan Jenisch, CEO da companhia, segundo o The Wall Street Journal.

Ele também ressaltou que o setor de materiais de construção está se tornando menos global. Para o CEO, enquanto a Europa está focada na sustentabilidade, em função das regulamentações climáticas, os EUA estão centrados em infraestrutura e tentando incentivar o investimento na indústria.

“Precisamos realmente ter prioridades regionais diferentes”, disse Jenisch, que foi CEO da Holcim até meados de 2024 e presidente do conselho até o mês passado. Nos Estados Unidos, “a reindustrialização do país será enorme. A indústria voltará”, acrescentou ele ao jornal americano.

Isso não significa que a Amrize não encontrará desafios em seu voo solo nos EUA. Os segmentos de construção residencial e comercial têm desacelerado consideravelmente no país. Em maio, por exemplo, a construção de moradias recuou 9,8% em relação a abril, alcançando o seu menor nível em cinco anos.