A ferro e fogo. Na prática, no início de 2020, esse foi o mantra adotado pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) diante das perspectivas difíceis que se desenhavam no mercado. A empresa buscou reduzir custos e sua alavancagem, além de investir para ganhar eficiência na produção. Três trimestres depois, o horizonte é bem mais otimista.
“Nós preparamos a CSN para uma guerra e para um ano que imaginávamos que seria muito difícil”, disse Benjamin Steinbruch, presidente da CSN em teleconferência com analistas, nesta sexta-feira, 16 de outubro. “Mas as expectativas se inverteram, especialmente a partir do terceiro trimestre, e nós, cada vez mais, vamos colher os resultados do trabalho que foi feito.”
Steinbruch destacou que, contrariando as projeções, houve um aumento substancial na demanda, tanto no mercado interno quanto externo. O que gerou um cenário atual de desequilíbrio entre a oferta e a demanda.
“Nós usamos todos os estoques intermediários e de emergência que temos. E estamos realmente correndo atrás de produção em todas as nossas linhas”, afirmou Steinbruch. Nessa direção, um fator essencial será a volta à produção do alto-forno 2 da usina de Volta Redonda (RJ), programada para a segunda quinzena de novembro. “Com isso, vamos ter uma redução de custo fixo ainda mais acentuada”.
Com a produção em plena capacidade, somada a de players como Usiminas e ArcelorMittal, ele espera que a equação entre oferta e procura comece a se equilibrar nesse trimestre, impulsionada ainda pela recomposição dos estoques dos compradores. “O mercado voltará à normalidade no segundo trimestre de 2021”, disse Steinbruch.
Diante dessa projeção, a CSN segue buscando reduzir sua alavancagem, uma estratégia que ganhou força no início do ano. A companhia informou, por exemplo, que em linha com processo de alongamento de seu passivo, conseguiu estender cerca de R$ 600 milhões de sua dívida entre julho e setembro e no início desse trimestre.
A CSN encerrou setembro com uma relação dívida líquida/Ebtida de 3,67x, contra um índice de 5,17x no segundo trimestre. A empresa também anunciou a atualização do guidance deste indicador, com a projeção de atingir uma alavancagem de 2,5x no fechamento de 2021.
Outro componente programado pela empresa para novembro é um reajuste, em torno de 10%, nos preços da tonelada de aço. No decorrer do ano, entre outras medidas, a CSN promoveu dois reajustes na rede de distribuição, de 40% e de 11% a 13,5%. A companhia também negocia um aumento entre 30% e 35% para 2021 com as montadoras, um dos seus principais mercados compradores.
À parte dessas iniciativas, Benjamin destacou a capacidade de crescimento orgânico da companhia nos segmentos de mineração e siderurgia. E observou que a empresa tem um olhar atento para eventuais oportunidades de aquisição nos negócios de cimento.
Ao mesmo tempo, ele disse que a empresa começa a avaliar a exploração de alternativas no segmento de gás natural. “Existe a possibilidade de mudança no modelo energético do País e de uso do produto para outros fins”, disse Steinbruch. “Por isso, estamos estudando alternativa de investimento nessa área.”
Resultado
Enquanto traça planos, a CSN comemora o resultado forte do terceiro trimestre. A empresa reportou um lucro líquido de R$ 1,26 bilhão, contra um prejuízo líquido de R$ 870 milhões, em igual período, um ano antes.
Entre julho e setembro, a receita líquida da empresa cresceu 45%, para R$ 8,71 bilhões. Outro destaque foi o salto de 124% no Ebtida, para R$ 3,5 bilhões. A companhia atribuiu o avanço nesse indicador à combinação de melhores volumes, preços e custos em todos os seus segmentos de atuação.
No pregão da B3, os papéis da empresa, avaliada em R$ 27,2 bilhões, estavam sendo negociados com alta de 1,44% por volta das 14h30. No acumulado do ano, as ações da CSN acumulam uma valorização próxima de 40%.
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