A startup brasileira Rocket.Chat é uma das empresas mais internacionalizadas do Brasil. Dona de uma plataforma de comunicação, o produto da companhia é usado em mais de 170 países e conta mais de 16 milhões de usuários ao redor do planeta.
Desse universo grande de usuários, poucos deles são pagos: cerca de 500 empresas. Mas são corporações do porte do Credit Suisse, na Ásia, e da Marinha dos Estados Unidos. Agora a Rocket.Chat, fundada pelo brasileiro Gabriel Engel, em 2015, dá o seu mais ousado passo para bancar sua ambição global.
A companhia acaba de captar R$ 100 milhões (US$ 18,9 milhões) em uma concorrida séria A liderada pelo Valor Capital. Passaram também a fazer parte da base dos acionistas a e.ventures, a Greycroft e a Graphene Ventures. Monashees, NEA, ONEVC e DFG seguiram o aporte.
“A intenção era captar US$ 10 milhões, mas a rodada foi extremamente competitiva e conseguimos quase o dobro”, afirma Engel, com exclusividade ao NeoFeed. “Podemos escolher os fundos que mais agregariam a nossa estratégia.”
O grupo de investidores que entraram na rodada dá uma medida da ambição. O Valor Capital, do embaixador Clifford Sobel, pode ajudar na conexão Brasil e EUA e na relação com governos. A e.ventures é especialista em open source, a base da plataforma de comunicação da Rocket.Chat. A Graphene Ventures, por sua vez, é um fundo americano com conexões no Oriente Médio. A Greycroft atua com força na área de mídia e marketing.
Esse grupo de investidores vai ajudar na expansão global da companhia. A maior parte da receita da Rocket.Chat já vem de fora. Os EUA são responsáveis por 40% do faturamento; a Europa, 20%; e a região da Ásia/Pacífico, 30%. O Brasil representa apenas 10%.
Os recursos serão usados também para triplicar o time de funcionários da startup, que deve passar dos atuais 70 para 210 ao longo de 2021. A grande maioria será contratada fora do País, em regiões que são consideradas vitais para a Rocket.Chat. Entre elas, a Alemanha e a Arábia Saudita.
“Serão pessoas para atuar nas áreas de suporte, de vendas e de pré-vendas”, afirma Engel. “Não teremos escritórios e vamos continuar nesse modelo de as pessoas trabalharem remotamente.”
De acordo com um investidor que participou do processo de captação da Rocket.Chat, a startup teve um crescimento forte em 2020 e estruturou as bases para seu próximo passo, investindo no produto e na parte comercial. “Foi uma série A padrão do Vale do Silício”, afirma o investidor, em um referência ao valor do aporte. “Agora, é a hora de escalar.”
A Rocket. Chat, cuja sede é em Porto Alegre, conta com uma versão gratuita do produto, que pode ser usado por qualquer pessoa ou empresa. Uma das versões pagas funciona no modelo de SaaS (software as a service). Mas ela representa apenas 20% de sua receita. A maioria dos contratos é para grandes empresas, que exigem algum nível de personalização e integração. Nos dois casos, o pagamento é por usuários por mês.
Além de ser uma plataforma de comunicação capaz de criar canais, grupos, chats e conferências, o produto da Rocket.Chat pode se conectar com diversas outras soluções do mercado, porque é um software de código aberto.
A lista de plataformas de comunicação que podem ser integradas ao Rocket.Chat é extensa. Ela vai do aplicativo de mensagens WhatsApp, do Facebook, passa pelo Slack, companhia comprada pela Salesforce por US$ 27,7 bilhões, e já chega até ao Teams, um produto da Microsoft. E inclui ainda o WeChat, da Tencent, o Skype, da Microsoft, ou o Apple Business, da Apple, entre muitos outros.
Para garantir essa flexibilidade, o Rocket.Chat pode ser instalado na infraestrutura tecnológica da empresa. Com isso, ele fica mais seguro e garante mais privacidade. Mas, por outro lado, exige equipes especializadas de tecnologia para fazer a configuração.