Dona de uma plataforma de gestão de conselhos de administração, a Atlas Governance começou sua expansão internacional em 2021 e fincou os pés em cinco países da América Latina. A startup brasileira também avançou em seu faturamento, saltando dos R$ 5,6 milhões, em 2020, para R$ 14 milhões.
A menos de um mês para o fim do ano, outro número está sendo adicionado a essa conta. Nesta quarta-feira, 8 de dezembro, a empresa anuncia um aporte de R$ 28 milhões da Volpe Capital, gestora fundada por André Maciel, que liderou os primeiros investimentos do fundo criado pelo Softbank, em 2019, para a região.
Com a rodada série A, a Atlas chega a um total de R$ 33,5 milhões captados desde a sua fundação, em 2016. E além de consolidar sua operação nos países nos quais desembarcou em 2021, planeja usar os novos recursos para explorar outras fronteiras em seu portfólio.
“Cerca de 70% do aporte vai ser destinado para a nossa expansão internacional”, afirma Eduardo Carone, fundador e CEO da Atlas, em entrevista ao NeoFeed. “E o restante será aplicado em desenvolvimento de produto e na ampliação da nossa equipe.”
Carone conta que havia outras quatro propostas na mesa, inclusive, com cheques mais polpudos. Mas a bagagem dos nomes por trás da Volpe Capital, que tem ainda sócios como Gregory Reider, ex-Warburg Pincus, pesou a favor da gestora, juntamente com seu maior alinhamento à visão e aos planos da Atlas.
A startup baseia sua operação em uma plataforma B2B de software como serviço que abrange e digitaliza todo o ciclo de atividades de um conselho de administração. Do agendamento e distribuição de conteúdos de reuniões às votações e ao acompanhamento dos projetos aprovados pelos boards.
Esse portfólio é ofertado por meio de três planos anuais, com preços de R$ 7,5 mil, R$ 25 mil e R$ 35 mil. Atualmente, a Atlas atende uma carteira com cerca de 400 clientes e 12 mil conselheiros, que inclui nomes como Cyrela, Riachuelo, Sabesp, CCR Rodovias e Hospital Beneficência Portuguesa.
“Nossos dois concorrentes, juntos, devem ter cerca de 160, 170 clientes na região”, diz Carone, em uma referência às americanas Diligent e Boardvantage. A primeira tem a Blackstone entre seus investidores e a segunda foi comprada pela Nasdaq, em 2016, por US$ 200 milhões.
Para seguir fazendo frente às duas rivais, a Atlas já tem desenhado os próximos movimentos de sua expansão internacional. Hoje, a startup tem uma estrutura com cerca de 30 profissionais presente no México, Colômbia, Chile, Peru e Argentina.
Esse time também atende países como Paraguai e Equador, e o plano é chegar a 50 profissionais já no primeiro trimestre de 2022. “Primeiro, nós testamos e validamos o modelo nesses mercados. Agora, vamos consolidar essa estrutura”, diz Sara Caballero, diretora de expansão internacional da Atlas.
Além de fortalecer a presença nesses mercados da América Latina, a empresa já prepara o desembarque na Europa, a partir da Espanha e de Portugal. “A previsão é de que a plataforma chegue nesses países está no segundo semestre de 2022” afirma Sara.
Carone acrescenta: “Nossa expectativa é alcançar uma receita anual recorrente de R$ 33 milhões em 2022”, observa. “E mais da metade desse montante já deve ser gerado fora do Brasil.” As projeções também incluem chegar a uma base total de 1,2 mil clientes na carteira.
A expansão também inclui a ampliação do número de profissionais no Brasil. No total, levando-se em conta todas as operações, a projeção é sair do quadro atual de 165 profissionais para aproximadamente 300 no fim de 2022.
No País, uma das prioridades no ano é o desenvolvimento de uma plataforma digital destinada a assembleias 100% remotas. A Atlas não está partindo do zero na evolução desse produto, que amplia o seu mercado endereçável.
A ferramenta inclui recursos já disponíveis na plataforma voltada aos boards, como as votações a distância e a distribuição digital de materiais relacionados. A principal diferença está na escala bem mais ampla dessas transmissões, que passam das dezenas para, em alguns casos, milhares de pessoas.
“Nosso plano é lançar essa plataforma no primeiro semestre no mercado brasileiro”, conta Carone. “E, a partir da validação por aqui, começaremos a vendê-la também nos demais países da América Latina.”