Fundado em 2009, o restaurante L’Entrecôte de Paris cresceu com uma única opção em seu cardápio - o entrecôte fatiado, servido com fritas e um "molho secreto". Desde 2011, a rede de restaurantes é parte do portfólio da SMZTO, holding de franquias de José Carlos Semenzato.
Mas, para ir além desse menu, a SMZTO está criando a LDP&CO, holding cujo plano é reunir outras marcas de alimentação sob o mesmo guarda-chuva. A informação foi antecipada com exclusividade ao NeoFeed.
A primeira marca adicionada a esse cardápio é General Prime Burger. No fim de 2021, o L’Entrecôte comprou 50% do negócio, por um valor não revelado e sem fazer alarde sobre a transação.
“Nós tínhamos uma visão, já de algum tempo, que o L’Entrecôte, por ser um modelo de negócios de prato único, tem uma expansão limitada”, diz Daniel Guedes, CEO da rede e, agora, da holding, ao NeoFeed. “E que precisávamos agregar marcas que fossem coirmãs e complementares.”
A LDP&CO já negocia acordos, em estágio avançado, em outras duas categorias: culinária árabe e uma rede no segmento de cookies. Encontrar redes que tenham sinergias com a culinária e a infraestrutura do L’Entrecôte é mais um critério na mesa.
“Esses são segmentos que nos abrem oportunidades em outras ocasiões de consumo e permitem operar em horários que nossas dark kitchens estão ociosas”, explica Guedes. “Eu não diria que vamos parar por aí, nos próximos dois anos, a ideia é nos concentramos nesses ativos e em colocar de pé essa tese.”
Além de seu próprio caixa, para financiar esses M&As, a LDP&CO tem a possibilidade de com recursos da SMZTO. Entre essas opções, está o acesso a um novo fundo de R$ 200 milhões que a holding de Semenzato começou a captar no fim de 2022.
Com um portfólio que inclui ainda operações como Espaçolaser, OdontoCompany e Oakberry, a SMZTO faturou R$ 7 bilhões em 2022, o que representou um crescimento de 30% sobre 2021.
“Na LDP&CO, nossa projeção é fechar o ano com um faturamento de R$ 70 milhões, contra R$ 55 milhões em 2022”, afirma Guedes. “Já em 2024, com a expansão que estamos mirando, o plano é chegar a R$ 200 milhões.”
No centro do acordo da LDP&CO, a General Prime se encaixa exatamente na tese da holding de adicionar novos temperos à sua operação. A começar pela busca por marcas que já tenham um público cativo e concentrado nas classes A e B+, o mesmo perfil atendido pelo L’Entrecôte, com um tíquete médio na casa de R$ 150.
Em mais um ponto, a rede, criada em 2004 e uma das pioneiras no conceito de hamburgueria gourmet, opera com um sistema de cozinha quente, baseado em grelha, nos mesmos moldes do L’Entrecôte. Com ingredientes semelhantes e o fator adicional de ter mais de um prato em seu cardápio.
“A General Prime tem a oportunidade de chegar em mais cidades e uma capacidade de expansão um pouco maior do que a nossa marca-mãe”, explica Guedes. “E, ao mesmo tempo, nós entendemos que as duas operações poderiam coexistir dentro da mesma estrutura, com ganhos de escala e sinergia.”
A decisão de não anunciar oficialmente o acordo com a General Prime na época da transação encontra uma explicação no fato de que o L’Entrecôte preferiu validar esse modelo no decorrer de 2022. Isso foi feito por meio de testes realizados, literalmente, na cozinha da operação. Ou melhor, nas cozinhas.
Os testes envolveram a incorporação do menu da General Prime em dez dark kitchens que já atendiam o delivery do L’Entrecôte. Para os clientes, nos pedidos feitos via WhatsApp, essa proposta resultou num cardápio integrado, com a possibilidade de combinar opções das duas marcas numa mesma entrega.
Com essa proposta está azeitada, a ideia agora é expandir a bandeira, inclusive, em outros formatos. O plano passa pela meta de chegar a cem unidades no prazo de dois anos. Hoje, a General Prime tem quatro lojas físicas no estado de São Paulo, além de 16 dark kitchens em conjunto com o L’Entrecôte.
“Dessas unidades, pelo menos 30% serão lojas físicas, sendo que, nesse período, todas elas estarão concentradas no estado de São Paulo e na capital do Rio de Janeiro”, conta Guedes. O modelo será baseado 100% em franquias.
Nas operações de dark kitchens, o investimento é de R$ 250 mil, em espaços de 50 metros quadrados. Nas lojas físicas, são duas opções. A primeira, com unidades de 50 a 70 metros quadrados, o aporte gira em torno de R$ 800 mil a R$ 1 milhão. Já na segunda, com lojas entre 100 e 120 metros quadrados, o valor é de cerca de R$ 2 milhões.
Com esse último perfil, a primeira loja acaba de ser inaugurada no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP). Ela também materializa a repaginação visual e do cardápio, com o objetivo de ressaltar outras opções – das saladas aos steaks. O que incluiu a retirada do “Burger” do nome da marca.
“A General Prime foi uma das pioneiras no segmento e tem um público cativo, mas ficou meio de stand by com a ascensão de outras hamburguerias”, diz Guedes. “Vamos reposicioná-la como casual dining, em um modelo mais próximo de casas como Applebee’s e Outback.”
Para efeito de comparação, o Outback tem mais de 130 restaurantes em 56 cidades de 17 estados brasileiros. E, no País, a Bloomin’ Brands, que controla a operação, também vem investindo no formato de dark kitchens para integrar a marca e outros ativos do seu portfólio, expandindo sua presença.
Já na LDP&CO, os planos passam ainda pelo L’Entrecôte. Com foco no estado de São Paulo, a meta é chegar a 70 unidades em 2023, com pelo menos oito novas lojas físicas. Hoje, a rede tem dez unidades com salão e delivery, e 40 dark kitchens, sendo que parte delas também oferece a opção de take away.