Entre o começo da vida universitária e a compra da casa própria, os americanos mudam de endereço, em média, 12 vezes. Quem traz os dados é o empreendedor Jay Reno, 34 anos, que sentiu as "dores de cabeça" dessas estatísticas: jovem, nos primeiros seis anos vivendo em Nova York, ele trocou de imóvel cinco vezes. Um processo sempre doloroso, de monta e desmonta de itens que nem sempre se acomodam bem no novo espaço.

"Me vi preso num ciclo de comprar coisas que não eram exatamente o que eu queria, e que não iriam durar muito. Percebi que muita gente passa por isso também”, diz Reno ao NeoFeed. Daí veio a ideia de criar uma empresa para resolver esse problema. Eis a Feather: uma plataforma que permite que os usuários, em alguns cliques, recebam mobílias entregues em casa, tenha as peças montadas e colocadas no lugar de sua escolha.

“Quando for a hora de mudar de novo, basta apertar mais alguns botões que retiramos tudo para o cliente", diz Reno. O empreendedor explica que o nome escolhido para batizar a empresa tem tudo a ver com o estilo de vida que ele quer passar para os clientes. Feather significa pena e o serviço oferecido pela startup tem "como objetivo proporcionar essa leveza".

Depois de lançar a startup em 2017, em Nova York e São Francisco, a Feather desembarcou este ano em Los Angeles e Orange County. A expansão foi possível devido a um investimento que a companhia acaba de receber. Foram US$ 12 milhões numa rodada série A, liderada pela Spark Capital.

Ao todo, a startup já levantou US$ 16 milhões junto a outros investidores e fundos, como Kleiner Perkins, Bain Capital Ventures, Y Combinator, PJC, Fuel Capital, Peak State Ventures e o anjo Scott Belsky. Com o novo aporte, a empresa contratou alguns dos melhores profissionais do mercado para liderar a logística na parte sudoeste da Califórnia, cuja estreia marca também o lançamento do serviço de assinatura da empresa.

Até então os clientes contavam apenas com o serviço "a la carte", que funciona da seguinte maneira: o usuário escolhe, através do site da empresa, os itens que deseja para decorar seu ambiente. Cada peça tem um determinado valor. Um sofá em L, por exemplo, sai por US$ 199 por mês, enquanto um ar condicionado portátil custa US$ 76 por mês.

Ao todo, a startup já levantou US$ 16 milhões

Depois de selecionar tapetes, mesas, cadeiras, abajures, camas e qualquer outro móvel que precisar e quiser, o cliente paga uma taxa única de US$ 99 para o chamado "white glove delivery", que é o serviço de entrega acompanhado da arrumação, com a abertura das caixas, montagem dos móveis e disposição no ambiente. Essa modalidade requer permanência mínima de três meses e um valor mínimo de US$ 99 por mês em peças, e é ideal para quem sabe que vai ficar pouco tempo em um determinado local.

Agora a Feather oferece a chance de se tornar membro por uma taxa única de US$ 19. Nele, os mesmos itens saem por um preço muito menor. Aquele mesmo sofá em L, para membros, custa US$ 58 por mês, e o ar condicionado, US$ 22. Esta categoria requer permanência de 12 meses e valor mínimo de US$ 29 por mês em peças. Em troca, o cliente tem acesso a eventos exclusivos e garante ainda o direito a um "white glove delivery" gratuito por ano.

Em ambos os casos, membros e não-membros podem usar o valor pago nos móveis para comprá-los, se assim desejarem. O valor total das peças, segundo a empresa, nunca será mais caro que o praticado em lojas, e nenhuma taxa ou juros é acrescentada pela Feather.

Jay Reno, o fundador: "Me vi preso num ciclo de comprar coisas que não eram exatamente o que eu queria, e que não iriam durar muito”

De acordo com Reno, o serviço é indicado para jovens que querem, de alguma maneira, se distanciar do ambiente universitário; para profissionais que estão mudando de endereço por conta de uma nova oportunidade de trabalho; ou para quem está se realocando nos Estados Unidos e ainda não tem muita segurança sobre a rotina local.

"Tínhamos esse público alvo em mente mesmo: pessoas normais, vivendo vidas normais em regiões urbanas e ficando cada vez mais consciente sobre a não-necessidade de ser dono das coisas”, diz Reno. E continua. “Hoje alugamos tudo, carros, apartamentos… Aprendemos com o Uber e outros serviços do gênero que o correto é pagar por algo apenas quando o utilizamos.”

Para além das questões sociais, o empreendedor bate na tecla da sustentabilidade: "acreditamos que o sistema de negócios circular é o futuro. Em vez de usarmos os recursos naturais do planeta para fazermos bens descartáveis e 'baratos', deveríamos investir em peças que durem uma vida toda". Por isso, completa Reno, a Feather montou um inventário com peças que podem ser aproveitadas por clientes nos mais variados espaços.

Além do famoso “arroz com feijão”, traduzido sob a forma de sofás, mesas e cadeiras, a empresa também aluga lençóis, obras de arte e outros acessórios, que se tornam o ponto focal, enquanto a mobília vira uma espécie de pano de fundo.

Os millennials mais habituados a uma vida de desapegos são ainda os principais clientes da empresa. Mas a startup também está de olho em outro nicho de mercado: a área corporativa. E tem visto o crescente interesse de agências imobiliárias, corretores e até donos de imóveis que alugam em plataformas como Airbnb. "Estamos empolgados para um futuro de menos posse e mais vida", afirma Reno.

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