O trio Pedro Yue, Simon Birrell e Daniel Possa ainda trabalhava na QuinStreet, empresa americana de propaganda listada na Nasdaq, quando percebeu que havia uma oportunidade de usar os conhecimentos que tinham em marketing em um setor que estava em amplo crescimento no Brasil: o mercado de seguros.

Em 2020, durante a pandemia, eles lançaram a Zipia, startup que oferece uma plataforma que digitaliza a venda de seguros. A sacada está no uso de ferramentas de marketing e gestão comercial para atingir mais consumidores e facilitar o contato e venda de seguros por corretores. O plano? Conquistar um mercado de 200 mil profissionais.

“Muita gente dizia que os corretores iriam desaparecer, mas eles têm um papel fundamental neste mercado”, afirma Pedro Yue, CEO e cofundador da Zipia, ao NeoFeed. “A maioria dos clientes ainda quer conversar com um agente que faça essa venda.”

Nesta quinta-feira, 5 de maio, a Astella Investimentos decidiu apostar nessa ideia que nasceu como uma spin-off da QuinStreet. O fundo que já investiu em 47 startups, entre elas Omie, Livance e RD Station (vendida para a Totvs), está liderando uma captação de R$ 6,3 milhões na operação da Zipia.

A injeção de capital conta também com a participação da 500 Global (antiga 500 Startups), que já havia participado de um aporte de US$ 1 milhão na Zipia ainda em 2020 em conjunto com a Canary e com investidores-anjo como Flavio Dias (ex-presidente da Via Varejo e atualmente na Facily) e Andre Farber (ex-vice-presidente do Grupo Boticário e CEO da Dafiti).

O dinheiro será utilizado em sua maior parte para potencializar a plataforma com novas funções para que o corretor identifique possíveis clientes e faça um gerenciamento mais prático dos produtos que estão sendo ofertados. “O profissional terá acesso a dados para saber exatamente o que cada consumidor procura”, diz Yue. “Queremos virar o sistema operacional do corretor."

A operação ainda é relativamente enxuta. São cerca de 200 corretoras que utilizam a plataforma para vender produtos de seguradoras como Porto Seguro, e Youse e de planos de saúde como Alice, entre outras empresas. A meta é triplicar este número até o fim do ano.

O público-alvo são "corretoras de porte médio para grande”, afirma Yue. Entre elas estão nomes como Vila Velha, Via Direta e H&H. Elas fazem o meio de campo para seguradoras tradicionais como Liberty, Allianz, SulAmérica, Amil, Qualicorp, por exemplo.

Para operar, a Zipia cria diferentes sites que fazem a comparação do preço de seguro carros, odontológico, viagem e até mesmo de consórcios. Os sites utilizam domínios como seguroauto.org, seguroviagem.org e planodesaude.net, que são bem ranqueados em serviços de busca.

O consumidor que acessa um desses sites quando faz a pesquisa com termos relacionados com seguro no Google, por exemplo, é convidado a preencher alguns dados de contato e de suas intenções de compra para obter a cotação entre as empresas que oferecem o produto que ele está buscando.

De posse desses dados, a Zipia faz uma filtragem e seleciona os consumidores que têm o maior potencial para concluir a contratação de um seguro. A plataforma digital da startup, então, permite que as corretoras entrem em contato com esses consumidores. Para isso, é preciso pagar uma taxa por cada conexão que será feita.

“É difícil e caro fazer uma campanha no Google, no Facebook ou em outra mídia digital. O corretor pode tentar fazer isso sozinho ou contratar uma agência que produza campanhas na internet”, diz Yue. “Com a plataforma, o corretor só precisa fazer a venda.”

O modelo da Zipia não é inédito. Alguns sites também fazem a comparação de preços de seguros e conectam os clientes com corretores de diferentes empresas. A diferença é que a Zipia oferece também a plataforma que filtra os contatos, conecta o profissional aos clientes por diferentes canais e controla o desempenho dos produtos.

O setor de insurtechs cresceu bastante no Brasil nos últimos anos. Até o fim de junho do ano passado, o estudo Latam Insurtech Journey apontava que a América Latina contava com mais de 350 startups de seguros ativas, sendo 129 delas brasileiras. Durante os primeiros seis meses de 2021, as insurtechs latinas haviam levantado US$ 125 milhões em aportes.

O mercado brasileiro já conta com algumas empresas do setor bem capitalizadas. A Pier, que trabalha com seguros para celular e automóveis, por exemplo, já levantou mais de US$ 42 milhões em aportes. Recentemente, a 180º Seguros, que aposta no conceito de insurance as a service, captou US$ 31,4 milhões em rodada liderada pelo grupo americano 8VC.