Mesmo com o setor de turismo ainda dormente por conta da pandemia, a Marriott conseguiu virar o jogo e fechar o terceiro trimestre com US$ 100 milhões de lucro. Para isso, a maior rede hoteleira do mundo teve de apertar forte o cinto e estancar a sangria do segundo trimestre, quando anotou prejuízo de US$ 234 milhões. 

De acordo com o relatório da empresa, entre julho e setembro deste ano, o faturamento foi de US$ 2,25 bilhões – uma queda de 57% em relação ao mesmo período do ano passado. Para entregar as contas no azul, porém, a companhia teve de cortar na própria carne e enxugar mais da metade dos seus gastos de U$ 2 bilhões no trimestre.

Em abril, o conglomerado já havia dispensado muitos de seus funcionários e, em setembro, enxugou em 17% sua folha de pagamento, resultando em 673 funcionários a menos. 

Segundo a Marriott, 94% de suas propriedades estão em funcionamento, mas a taxa de ocupação segue "preocupante". Apenas um a cada três quartos estão reservados nos Estados Unidos, enquanto na Europa a taxa é ainda pior – um a cada cinco. 

Além da bandeira homônima, o grupo Marriott opera também as redes Ritz, W e Sheraton. Algumas das unidades do grupo, na tentativa de se adaptar ao cenário atual, passaram a oferecer suas suítes como escritórios temporários.

A rede Marriott, por exemplo, permite que todos os membros de seu programa de fidelidade façam o check in às 6 da manhã e o check out às 6 da tarde, sem nenhum compromisso de pernoite. O valor do serviço varia de acordo com a cidade e com a temporada de cada propriedade.

Apesar do contorcionismo, o RevPAR (receita por quarto disponível, na sigla em inglês) do grupo Marriott derreteu 70%, em comparação ao mesmo período do ano passado.

A mesma queda foi sentida pelo grupo Hilton, cujo RevPAR contraiu 60% e ocasionou num prejuízo de US$ 79 milhões; e pelo grupo Hyatt, que viu seu RevPAR cair 72% neste trimestre e gerar um prejuízo de US$ 161 milhões.

O balanço negativo das redes hoteleiras mostra a importância da contenção de gastos da Marriott. Mas recebeu críticas de Dan  Price, CEO da empresa de pagamentos Gravity Payments, que ficou famoso por cortar o próprio salário e instituir um salário mínimo de US$ 70 mil ao ano a toda sua equipe

"Entre 2018 e 2019, a rede hoteleira registrou US$ 3,1 bilhões de lucro e gastou US$ 5 bilhões na recompra de suas ações. Em abril, dispensou seus funcionários e pagou US$ 160 milhões em dividendo aos acionistas e ainda deu 8% de aumento e 200% de bônus ao CEO. Agora, eles desligam 17% dos funcionários da sede e anotam lucro", desabafou Price em seu perfil no Twitter. "Todo dia eu posto uma notícia parecida." 

O mercado, todavia, parece satisfeito com a aprovação da gestão "pulso firme" do grupo Marriott. Embalado pelos resultados positivos e pelas notícias sobre os testes das vacinas para Covid-19, o Marriott decolou quase 14% na Nasdaq na segunda-feira, 9 de novembro.

Desde 1 de abril, quando a crise do novo coronavírus chegou com força nos Estados Unidos, os papéis da empresa subiram 60,2%. O grupo Hilton também subiu 12,2% no último pregão, e o Hyatt, 19,8%. 

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