Após Santander, Itaú e Bradesco divulgarem seus resultados do quarto trimestre e do ano de 2022, nesta segunda-feira, 13 de fevereiro, foi a vez do BTG Pactual divulgar seu balanço e adicionar mais um ingrediente aos efeitos causados pelas “inconsistências contábeis” da Americanas.

Ao apresentar seus indicadores, o banco, sem fazer uma menção direta à varejista, anunciou uma provisão não-recorrente de R$ 1,2 bilhão nas áreas de Corporate & SME Lending e de Sales & Trading, relacionada à exposição ao negócio de risco sacado.

Segundo o BTG, o evento em questão também impactou as despesas com bônus da operação, que foram reduzidas em R$ 153,1 milhões, e as despesas com imposto de renda e contribuição social, que recuaram R$ 466,9 milhões no trimestre. Assim, no balanço geral, o efeito das provisões não recorrentes ficou em R$ 580 milhões.

“É importante destacar que adotamos medidas rápidas e necessárias para proteger os interesses de nossos clientes e acionistas, e este evento isolado não reflete o estado geral de nossos negócios”, ressaltou o banco, na divulgação do balanço.

O BTG fechou o quarto trimestre com um lucro líquido ajustado de R$ 1,76 bilhão, contra R$ 1,78 bilhão há um ano. No ano consolidado, o lucro líquido ajustado foi de R$ 8,3 bilhões, alta anual de 28%. Já a receita total cresceu 4% no trimestre, para R$ 3,6 bilhões, e 24% no ano, para R$ 17,2 bilhões. Com esses números, o banco registrou recordes anuais nos dois indicadores.

O banco destacou que, sem a provisão, as receitas totais foram de R$ 4,8 bilhões entre outubro e dezembro, e de R$ 18,4 bilhões no ano, altas, respectivamente, de 38% e de 33%. Já o lucro líquido ajustado, nessa mesma base, foi de R$ 2,3 bilhões e R$ 8,9 bilhões, saltos de 33% e 37%.

Em 2022, o retorno ajustado sobre o patrimônio líquido (ROAE) ficou em 20,8%. Desconsiderando os efeitos da provisão não recorrente, o ROAE foi de 22,1% no ano. O banco destacou que, apesar dessa questão e do pagamento de juros sobre capital próprio, fechou o período com o índice de Basileia em 15,1%.

Outro ponto ressaltado foi a captação de R$ 254 bilhões no ano e de R$ 68 bilhões no quarto trimestre. Com esse volume, o BTG encerrou 2022 com R$ 1,3 trilhão em recursos de clientes sob gestão e administração.

Mesmo sob esses efeitos, o banco registrou alguns recordes em algumas de suas linhas de negócio. Um dos segmentos destacados foi o de Investment Banking, que reportou uma receita de R$ 485 milhões entre outubro e dezembro, um avanço de 17% sobre igual período, um ano antes. No ano, apesar de uma queda de 20%, para R$ 1,8 bilhão, o banco frisou que esse foi o segundo melhor resultado da história nesse braço, com forte contribuição das áreas de debt capital markets e M&As.

Na divisão de Corporate & SME Lending, a receita cresceu 5% no ano, para R$ 2,7 bilhões, mas recuou 86%, para R$ 105 milhões, no trimestre, em função da provisão. Excluindo esse efeito, o crescimento entre outubro e dezembro teria sido de 31%, para R$ 1,2 bilhão. A área fechou 2022 com uma carteira de crédito de R$ 144,3 bilhões, alta de 35,3%.

Em Sales & Trading, por sua vez, o crescimento no ano foi de 23,8%, para R$ 5,3 bilhões. No trimestre, o avanço da receita nesse braço foi de 24%, para R$ 1,1 bilhão.

Já em Asset Management, a receita anual foi recorde e ficou em R$ 1,6 bilhão, um salto de 31%. Entre outubro e dezembro, a alta foi de 19%, para R$ 429,2 milhões. A área fechou o ano com R$ 707,3 bilhões de ativos sob gestão e administração e uma captação líquida, no ano, de R$ 133,8 bilhões.

No segmento de Wealth Management & Consumer Banking, a receita foi de R$ 686,1 milhões, no trimestre, e de R$ 2,5 bilhões em 2022, altas, respectivamente, de 53% e 66%. Na área, o BTG chegou a R$ 546 bilhões de ativos sob custódia, com uma captação líquida de R$ 119,8 bilhões no ano.

Em 2022, as units do BTG Pactual acumulam uma desvalorização de 12,8%. Em doze meses, o recuo está na casa de 8,5%. O banco está avaliado em R$ 69,9 bilhões.