A temporada de abertura de capital está de volta. Nessa semana, as bolsas americanas protagonizam diversos IPOs, como destaque para a Warner Music e da ZoomInfo, uma empresa de dados usados em marketing.

Em sua estreia na Nasdaq, na quinta-feira, 4 de junho, a ZoomInfo, que captou US$ 934,5 milhões, viu suas ações subiram 61%, no maior IPO de uma empresa de tecnologia até agora. Ela fechou o dia avaliada em mais de US$ 14 bilhões.

Mas a ZoomInfo pode perder esse posto em pouco tempo. A maior oferta pública de uma empresa de tecnologia de 2020 deve ser da chinesa JD.com.

A varejista online chinesa, cujas ações já são comercializadas na Nasdaq desde 2014, vai fazer uma nova oferta. Só que dessa vez a listagem vai acontecer na bolsa de Hong Kong, assim como fez seu rival Alibaba, no ano passado.

O objetivo é captar mais de US$ 4 bilhões, caso um lote suplementar tenha demanda, no dia 18 de junho, segundo o jornal britânico Financial Times, que teve acesso a documentos que a companhia tem apresentado aos potenciais investidores.

No primeiro trimestre de 2020, a JD reportou receita de US$ 20,6 bilhões, valor 20,7% maior que o registrado no mesmo período do ano anterior. A base de usuários anual também saltou 24,8% para 384,7 milhões de clientes ativos. A companhia hoje é avaliada em US$ 86,7 bilhões.

Os planos da JD de fazer essa segunda listagem no território autônomo chinês foi apressado depois que o Senado americano aprovou uma proposta que obriga companhias internacionais a adotarem padrões americanos de auditoria e outras regulamentações financeiras.

Para que essas determinações se convertam em leis, ainda é necessário o aval da Câmara dos Representantes e a assinatura do presidente Donald Trump.

Mas o cerco às companhias chinesas vêm de todos os lados. A Nasdaq tem discutido também restrições que podem afetar a abertura de capital das empresas da China em seu pregão.

Uma das regras refere-se ao valor da oferta, que deve ser de no mínimo um quarto do valor de mercado da listagem ou de US$ 25 milhões. É a primeira vez que a bolsa americana define parâmetros de valor mínimo para listagens internacionais.

Esse "endurecimento" nos critérios para listagem e para manutenção de empresas nas bolsas americanas foi catapultado pelo escândalo da Luckin Coffee.

Considerada a Starbucks chinesa, a companhia forjou seus números de vendas em 2019. Prestes a ser expulsa da Nasdaq, a companhia viu seu valor de mercado despencar de US$ 12,7 bilhões para US$ 731,5 milhões.

Na contramão da Nasdaq, o governo chinês flexibilizou uma regra às exigências de IPOs locais. Desde março, a avaliação de vetar ou não uma listagem cabe às bolsas de Xangai e Shenzhen e não mais ao regulador Comissão Reguladora Mobiliário da China (CSRC).

"Será um grande ano para as IPOs, incluindo grandes aberturas de capital da China", disse Charles Li,  CEO da Hong Kong Exchanges and Clearing, durante uma conferência organizada pelo banco de investimentos Piper Sandler.

Em maio deste, o CEO do buscador chinês Baidu, Robin Li, tornou pública sua intenção de buscar alternativas de abertura de capital em outras fronteiras, para além da Nasdaq.

O grupo chinês de games NetEase, avaliado em US$ 54 bilhões na Nasdaq, vai seguir também o mesmo caminho da JD.com. A empesa já deu entrada na papelada para vender US$ 2,7 bilhões em ações na bolsa de Hong Kong, também em uma listagem secundária, esperada para 11 junho.

No contexto de uma guerra comercial e de uma séries de acusações mútuas, Estados Unidos e China estão longe de uma relação harmônica. Neste cenário, as empresas chinesas começam a voltar para casa. Ao menos para captar recursos.

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