Dá para trocar aquela Ferrari Berlinetta ou o Rolls Royce Ghost por um passeio no cosmos (é só uma questão de eleger prioridades, ora). O empresário britânico Richard Branson anunciou, na última quarta-feira, 16, a abertura da temporada de venda de tíquetes para mandar consumidores ao espaço neste ano.

Preço da aventura: US$ 450 mil, um terço disso pago na entrada e o restante na aterrissagem. Não dá para perder.

“Planejamos ter mil clientes a bordo ainda este ano”, disse em entrevista ao The Wall Street Journal (WSJ) o CEO da Virgin Galactic, Michael Colglazier. Faça as contas: quase meio bilhão em receitas, fora os custos de combustível, os mimos a bordo, tripulação... e, claro, todo o investimento, as peças, as naves. Deve dar para o gasto.

No verão (americano) passado, Branson margeou o espaço com um voo experimental de seu avião-foguete. Pouco depois foi a vez de Jeff Bezos e sua Blue Origin fazerem o mesmo. Em setembro, a SpaceX de Elon Musk dava um passo a mais, com o primeiro voo orbital.

É uma bilionária e egoica disputa, a corrida espacial versão corporativa. Musk tem em seus domínios a segunda mais valiosa companhia de capital fechado do mundo. A SpaceX está cotada em US$ 100 bilhões, perde apenas para a chinesa Bytedance, dona do TikTok.

O homem mais rico do mundo, com uma fortuna de US$ 277 bilhões segundo a Bloomberg Billionaires Index, fundou a SpaceX com US$ 100 milhões do próprio bolso. Desde então, deixou os fundos capitalizarem a companhia.

Em fevereiro do ano passado, um aporte de investidores trouxe US$ 1,2 bilhão à SpaceX. Meses depois, Musk vendeu outros US$ 755 milhões em ações, atingindo o valor atual de mercado .

Jeff Bezos, o segundo mais rico (US$ 195 bilhões), está também injetando combustível na Blue Origin – e diz que vem investindo US$ 1 bilhão por ano, desde 2016, na companhia.

Há pouco mais de duas semanas comprou, por um valor não revelado, a Honeybee Robotics, uma das maiores fornecedoras de soluções avançadas para projetos espaciais e de defesa do governo.

Em seu voo do ano passado, que partiu do oeste do Texas, Bezos levou a bordo, além do irmão Mark e do astronauta Wally Funk (do programa Mercury 13), de 82 anos, um passageiro que preferiu o anonimato – talvez porque tenha entrado suave na nave depois de arrematar a “passagem” por US$ 28 milhões em um leilão.

Bezos anunciou que era o primeiro a fazer um voo privado para o espaço. Não era. Branson, o menos rico dos três barões do espaço – “apenas” com US$ 5,5 bilhões de patrimônio pessoal – já havia colocado sua SpaceShip Two Unit no ar.

Embora exiba menos recursos financeiros dos que os rivais, o que não quer dizer que é pouco, Branson tem algo que o acompanha desde os tempos da Virgin Records e que esquenta essa corrida de espaço e egos: uma capacidade incrível de marquetear qualquer movimento de suas empresas. Sobretudo, quando esse movimento é movido por propulsores.

“Ele venceu Bezos nesse momento”, escreveu Allison Prang, no WSJ. Branson não deixará de alardear isso por um bom tempo, pode apostar.

Agora, o britânico promete sair novamente à frente, romper a fronteira orbital e dar aos tripulantes alguns minutos de sensação de ausência de peso. E por falar em ausência de peso, as ações da Virgin Galactic, que estavam em queda nos últimos 12 meses, subiram 28% no dia que antecedeu a abertura de reservas para o voo.

Aos interessados no voo da Virgin, as informações básicas: a aeronave será lançada do porto espacial do Novo México, em data a ser confirmada, o voo terá duração de 90 minutos e os passageiros passarão por um treinamento de vários dias antes da decolagem.