Com a promessa de ser uma one stop shop para os diversos elos da cadeia de saúde – de grandes grupos hospitalares a clínicas, laboratórios, farmácias e pacientes, a Viveo desembarcou na B3 em agosto deste ano, captando R$ 1,9 bilhão em seu IPO, dos quais, R$ 669 milhões para o seu caixa.

Desde então, a empresa, que fabrica e distribui produtos médicos, tem dado cada vez mais peso às aquisições para avançar na construção desse ecossistema. Nos próximos meses, porém, um pacote de ofertas desenvolvido internamente também começará a ganhar mais visibilidade nos passos pós-IPO.

“Também sabemos crescer organicamente”, diz Leonardo Byrro, CEO da Viveo, em entrevista ao NeoFeed. “E estamos acelerando essas frentes para sairmos da relação onde o mais importante é o dia, a semana e o preço do que entregamos, e sermos parceiros mais estratégicos dos nossos clientes.”

Em linha com esse raciocínio, uma das novidades que a Viveo está preparando é a entrada no segmento de produtos financeiros. No momento, a empresa está em fase de seleção de um parceiro para viabilizar a tecnologia por trás desse portfólio.

Com um projeto-piloto previsto para o primeiro trimestre de 2022, a atuação nesse espaço estará restrita, a princípio, à oferta de crédito e terá início com empréstimos direcionados ao segmento de laboratórios.

“Vamos começar por esse canal, mas vemos espaço para expandir esse modelo, por exemplo, para clínicas de oncologia e de vacinação”, afirma Byrro. “E, eventualmente, podemos ter alguma iniciativa relacionada à cashback, mas sempre buscando que o cliente reinvista o recurso no nosso ecossistema.”

Outra iniciativa no forno é um marketplace, também voltado, inicialmente, ao canal de laboratórios. Aqui, a ideia é conectar essas redes com fornecedores de insumos. Após testar esse modelo, a Viveo também não descarta replicá-lo para outros canais atendidos pelo grupo.

Com expectativa de ter um projeto-piloto rodando no primeiro semestre de 2022, a plataforma e a oferta de crédito integram a estratégia da empresa para ampliar sua presença no segmento de laboratórios.

“Essa é uma das nossas diversas veias de crescimento”, observa Byrro. “Hoje, nós atendemos cerca de 2,5 mil laboratórios, mas estamos falando de um universo potencial de aproximadamente 10 mil clientes em todo o País, isso considerando apenas aqueles de pequeno e médio porte.”

Outro foco da Viveo passa pelo reforço do seu braço de serviços e tecnologia, em duas frentes. A primeira, formado pelo portfólio voltado ao segmento B2B, com a integração de sistemas para, por exemplo, reduzir estoques e custos nos hospitais.

Já no campo dos pacientes, o grupo vem destinando parte de seus recursos para a venda e entrega direta de produtos, por meio do pagamento de assinaturas mensais, aliada a uma plataforma de suporte com informações sobre os medicamentos, batizada de Programa de Suporte ao Paciente (PSP).

Para impulsionar essa área, que tem maior foco em pacientes crônicos a empresa tem apostado em parcerias com hospitais e planos de saúde, além de companhias de software de prescrição eletrônica, como a Memed.

Com quatro grandes acordos desde o IPO, que envolveram a compra de sete ativos, as aquisições também seguem ocupando um espaço bastante relevante na estratégia da companhia nos próximos meses.

Leonardo Byrro, CEO da Viveo

“Temos cerca de 10 conversas em andamento, em diferentes estágios”, observa Byrro. “Esses ativos podem nos trazer R$ 1 bilhão de receita líquida adicional e aproximadamente R$ 150 milhões em Ebitda.” Para financiar todo esse apetite, a Viveo conta, entre outros recursos, com os R$ 530 milhões captados em uma emissão de debêntures concluída neste mês.

Resultado

Nesta terça-feira, após o fechamento do mercado, a Viveo fez sua primeira apresentação de resultados como empresa pública, referente ao terceiro trimestre. No período, a companhia reportou um crescimento anual de 153,1% no lucro líquido ajustado, para R$ 80,5 milhões.

Entre julho e setembro, a receita líquida da companhia foi de R$ 1,49 bilhão, o que representou um salto de 23,5% na comparação com igual período de 2020. O Ebtida ajustado, por sua vez, ficou em R$ 118,9 milhões, uma alta de 33,5%.

Nas linhas de negócios da empresa, o canal de hospitais e clínicas segue sendo o carro-chefe, com uma receita de R$ 1,21 bilhão no período, um avanço de 13,2%. Já o canal de laboratórios registrou uma receita 17% superior, de R$ 49,9 milhões.

Com um índice de 105,8%, o volume mais significativo de crescimento veio na linha de consumo, que apurou uma receita de R$ 158,5 milhões no trimestre. Os serviços contribuíram com R$ 16 milhões, alta de 12,9%.

As ações da Viveo encerraram o pregão na B3 cotadas a R$ 19,32, um recuo de 3,40% em relação ao preço da sexta-feira, 12 de novembro. Desde o IPO, os papéis acumulam uma desvalorização de 3%.