Pergunte a João Zecchin, sócio e fundador da gestora de venture capital carioca Fuse Capital, qual o seu maior acerto? Ele responde sem pensar: o investimento na Loggi. E qual o seu maior erro? Sem pestanejar, ele diz de bate-pronto: o desinvestimento na Loggi.
A startup de logística Loggi, hoje um unicórnio, como são chamadas as empresas que valem mais de US$ 1 bilhão, foi descoberta por Zecchin quando ainda era um projeto de PowerPoint, apresentado pelo francês Fabien Mendez.
“O Fabien já tinha empreendido e não havia dado certo. Ele estava com o PowerPoint e era muito analítico e claro. Tive algumas interações e fui o primeiro investidor”, diz Zecchin, em entrevista do Café com Investidor, programa que entrevista os principais gestores de venture capital do Brasil, do NeoFeed.
Foi Zecchin, inclusive, quem ajudou a Loggi em sua primeira rodada institucional, quando chegou o fundo Iporanga Ventures, de Guilherme Assis e de Leonardo Teixeira. Hoje, a base de acionistas inclui as principais casas de venture capital do Brasil e do mundo, como Softbank, GGV, Fifth Wall, Kaszek Ventures, Monashees, ONEVC, Velt Partners, entre outros.
O investidor, no entanto, saiu do investimento antes dela se tornar um unicórnio. Em retrospectiva, Zecchin se lamenta por não ter ficado mais na empresa. Mas, ao mesmo tempo, não se arrepende.
“Foi o melhor investimento em termos de retorno e de múltiplo financeiro de tudo que já fiz” diz Zecchin. “ Zero arrependimento. Ninguém tem bola de cristal ou o jornal de amanhã. Você faz as decisões e vive com ela.”
Agora, Zecchin está à frente da Fuse Capital, gestora de venture capital criada no fim do ano passado, em conjunto com Guilherme Hug, Alexis Terrin e Dan Yamamura, profissionais com experiência no setor financeiro e de venture capital.
A Fuse Capital está concluindo a captação de um fundo offshore de US$ 25 milhões para investir em até 20 startups. Os recursos são de family offices de fora do Brasil.
O que torna o fundo da Fuse Capital único é que ele não é exclusivo de venture capital e inclui também venture debt. De acordo com Zecchin, 70% dos recursos serão investidos em “equity” e 30% em crédito, por meio de uma parceria com a fintech a55, que faz parte do portfólio individual de Zecchin - ele investiu também na aceleradora de startups 21212 e na Zee Dog, que atua no mercado pet.
Até agora, a Fuse Capital já fez três investimentos. Uma delas é a Fligoo, startup do Vale do Silício que oferece aplicações de inteligência artificial para grandes corporações e que foi trazida para o Brasil pela Fuse.
As outras duas startups do portfólio são a Pink, plataforma de comunicação interna para pequenas e médias empresas, que controla e organiza informações sobre o cliente e a companhia e concentra esse fluxo em um banco de dados; e a AIO, uma empresa de educação que faz uso da inteligência artificial para reduzir grandes simulados em poucas perguntas, como o Enem.
Em venture debt, a Fuse Capital fez um empréstimo para a fintech mexicana Vexi, uma espécie de Nubank do México, que está no mercado desde 2016 e tem como missão incluir os jovens do país latino no mercado financeiro a partir da tecnologia.
Os cheques em dívida da Fuse Capital giram em torno de US$ 300 mil. No caso de equity variam entre US$ 300 mil a US$ 500 mil, podendo chegar a US$ 2 milhões.
No vídeo que você assista acima, Zecchin fala sobre a tese do fundo, do perfil de empreendedores que procura e do que é fundamental para que a Fuse Capital invista em uma startup.