A combinação de fatores como a explosão nos preços do arroz e do feijão e o aumento do consumo desses produtos na pandemia fez com que as ações da Camil disparassem no mercado. No ano, os papéis da companhia, avaliada em R$ 5,3 bilhões, acumulam alta de mais de 51%.

Enquanto suas ações despertam cada vez mais interesse no mercado, a empresa, que atua ainda nos segmentos de pescados e de adoçados, quer aproveitar o momento para reforçar um componente em sua estratégia: o apetite por aquisições.

“Nosso mercado é muito fragmentado e ainda temos muitas oportunidades de consolidação”, afirmou Luciano Quartiero, CEO da Camil, em teleconferência com analistas nesta sexta-feira, 9 de outubro. “Podemos fortalecer a posição em mercados que já atuamos e entrar em áreas brancas, das quais ainda não participamos.”

Além do segmento de grãos, a Camil também atua nas categorias de pescados e de adoçados. O portfólio da companhia inclui marcas como a própria Camil, de arroz e feijão, Namorado, Coqueiro e União. Na América do Sul, o leque passa pelas bandeiras Tucapel, Saman e Costeño.

O único movimento de consolidação realizado pela empresa no ano foi justamente no exterior e marcou a estreia em uma categoria. Em janeiro, a Camil desembolsou cerca de R$ 200 milhões para comprar a unidade de negócios de pet food da chilena Iansa.

Questionado sobre uma possível elevação nos múltiplos dos ativos, em função do bom momento desse mercado, Quartiero disse não acreditar em qualquer mudança substancial no preço de eventuais aquisições.

Mas fez a seguinte ressalva. “Independentemente do momento, sempre há uma diferença entre a expectativa de quem está vendendo e de quem está comprando”, afirmou. “O desafio segue o mesmo, mas nossa estratégia é a mesma.”,

Quartiero destacou que, além de novas categorias, os acordos podem envolver a entrada em outros países da América do Sul. Hoje, a empresa está presente no Chile, no Peru e no Uruguai.

Resultado

Enquanto segue ativa na busca por possíveis acordos no mercado, a Camil divulgou seu balanço referente ao segundo trimestre. No período, a empresa apurou um lucro líquido de R$ 138,6 milhões, alta de 245,6% na comparação com igual período, um ano antes.

Já a receita líquida avançou 56,3%, para R$ 1,9 bilhão. Segundo a companhia, o desempenho foi impulsionado pelo crescimento de vendas em todas as categorias. Um dos destaques, claro, foi o arroz. No Brasil, o volume do produto cresceu 14,1% na comparação anual, para 217,2 mil toneladas. Após a divulgação, as ações da empresa estavam sendo negociadas com ligeira alta, de 0,36%.

No segundo trimestre, a empresa apurou um lucro líquido de R$ 138,6 milhões, alta de 245,6% na comparação com igual período, um ano antes

Em relação à alta nos preços do produto, Quartiero disse que a expectativa é de que o valor do preço da saca de arroz – o indicador que baliza a categoria - se mantenha no patamar atual, de R$ 105, ao menos até a próxima safra, entre o fim de janeiro e meados de fevereiro.

“Já com a próxima safra, se tudo correr normalmente, a perspectiva é que a volatilidade do preço em 2021 seja menor”, observou o executivo. “E que tenhamos, na média, um preço da saca entre R$ 70 e R$ 80.”

Ao mesmo tempo, Quartiero não enxerga impactos ou eventuais quedas no nível de consumo, mesmo com a elevação dos preços. “Arroz e feijão seguem sendo uma opção boa e barata quando se considera o custo por porção”, concluiu.

Siga o NeoFeed nas redes sociais. Estamos no Facebook, no LinkedIn, no Twitter e no Instagram. Assista aos nossos vídeos no canal do YouTube e assine a nossa newsletter para receber notícias diariamente.