É impressionante a quantidade de vozes dissonantes e posições conflitantes que temos diariamente, não só em relação a saúde e economia, que são mais evidentes, mas em relação às origens, culpados, atitudes e soluções para nosso maior desafio dos últimos 80 anos.

Desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) que não há um fenômeno que envolva praticamente toda a humanidade em perdas e riscos tão evidentes.

Hoje resolvi fazer um artigo diferente. Conto aqui três casos, um imaginário e dois reais. E deixo as conclusões para cada leitor.

1 - Primeiro uma questão de economia.

Em tempos de crise é comum que as comunidades estejam cada vez mais endividadas, daí observemos a história abaixo:

Numa pequena cidade um forasteiro chega no único hotel, saca uma nota de R$ 100, deixa como caução e pede ao dono para ver o quarto, antes de decidir se se hospedará ou não.

Enquanto o sujeito está vendo o quarto, o dono do hotel corre no açougue e usa a nota de R$ 100 para pagar sua dívida com o açougueiro.

Este corre para o criador de suínos e liquida uma dívida de fornecimento de carnes.

O criador de suínos corre e paga o veterinário pelos serviços prestados.

O veterinário liquida a pendência com uma prostituta (em tempos de crise, até este serviço se vende fiado).

A prostituta prontamente corre ao hotel e paga suas pendências, pois precisa ter crédito em dia para levar seus clientes lá. E assim fazer girar o seu negócio e sustento.

Logo em seguida, o sujeito chega na recepção e avisa que não se hospedará, solicitando assim a sua nota de R$ 100, que estava dada em garantia. Prontamente, o dono do hotel devolve a nota e o forasteiro sai do hotel e da cidade.

Ninguém ganhou um tostão, mas, com a circulação do dinheiro, a economia girou e todos passaram a ver o futuro com mais confiança. Coisa de doido!

2 - Temos uma tendência natural, mas normalmente preconceituosa e errática de buscar culpados para as crises.

No Século XIV, a Europa foi assolada pela Peste Negra. Na primeira onda, em 1347, morreram cerca de 25 milhões de pessoas, o que equivalia a um terço da população. O enorme impacto da Peste espalhou a ideia de que ela era difundida pela maldade humana.

Sabemos hoje que a doença era causada por uma bactéria comum entre os ratos e transmitida aos humanos por pulgas. Na tentativa de achar culpados, circunstâncias levaram a acusações sobre os judeus (sempre eles), como causadores da Peste, nascendo daí a crença numa conspiração judaica.

Os médicos, em sua grande maioria, eram judeus e eles não tinham êxito nas curas. E, além disso, a comunidade judaica era quem menos sofria pela doença, uma vez que as leis talmúdicas obrigavam os judeus a lavar as mãos antes de comer, além de tomar banho e trocar as roupas uma vez por semana. Muitos judeus escaparam da Peste, mas não de torturas e fogueiras. Coisa de doido!

3 - Não importa sua ideologia, sempre dá para salvar vidas.

Em 1715, o Rei Luis XIV, conhecido como o Rei Sol, talvez o maior egocêntrico da história, baixou um decreto que fez com que a França desse um enorme salto nas condições sanitárias da época, um grande avanço higienizador.

O decreto estipulava que as fezes deveriam ser retiradas dos corredores do Palácio de Versalhes uma vez por semana. Numa só canetada muitas vidas foram salvas. Coisa de doido!

Que cada um tire as suas conclusões, abstraia algo que ache válido e use da melhor forma possível. Uma coisa é certa, não importa qual o seu papel de liderança, agora é hora de cuidar!

Importante registro. Os dois casos reais acima foram retirados do livro Judeus - Suas Extraordinárias Histórias, de Marcelo Szpilman, Mauad Editora.

*Leonel Andrade é CEO da CVC Corp e foi CEO da Smiles, Credicard e Losango Financeira. Ele também é membro do Conselho de Administração da BR Distribuidora e da Lojas Marisa. Além disso, faz palestras sobre gestão de pessoas e negócios.

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