Mais conhecida por sua atuação junto a empresas e ao público que cresceu acompanhando a evolução do seu portfólio, a Microsoft não tem medido esforços para rejuvenescer sua base de clientes e se aproximar das novas gerações de consumidores finais.
Para encurtar essa jornada, uma das estratégias adotadas pela companhia liderada pelo indiano Satya Nadella tem sido as aquisições de empresas mais inseridas nesse perfil e cujas comunidades podem rodar na Azure, sua plataforma de computação em nuvem, outro grande pilar da empresa. Nem todas essas iniciativas, porém, são bem-sucedidas.
O exemplo mais recente nessa direção foram as conversas para uma possível compra da operação do Pinterest, rede social de compartilhamento de imagens avaliada em US$ 51 bilhões. Caso fosse concretizada, essa seria a maior negociação da Microsoft desde a aquisição do LinkedIn, em 2016, por US$ 26,2 bilhões. A transação, porém, não vingou.
Segundo o jornal britânico Financial Times, os motivos que fizeram com que o acordo não fosse fechado não foram divulgados. A publicação destaca, no entanto, que, desde o seu IPO, em 2019, quando captou US$ 1,3 bilhão, o Pinterest já havia manifestado a intenção de seguir com sua operação independente.
Alguns dados ajudam a explicar o apetite da Microsoft pela rede social, que permite que as pessoas marquem fotos como referências em decoração, moda e gastronomia. Em 2020, em meio à pandemia, o Pinterest viu sua média de usuários ativos saltar 100 milhões, chegando a 450 milhões. No ano, a receita da operação cresceu 48%, para US$ 1,69 bilhão.
No caso do Pinterest, a grande vantagem para a Microsoft, além do acesso a essa base de usuário, é que o tipo de conteúdo compartilhado na plataforma, pouco polêmico, evita o escrutínio regulatório cada vez mais centrado em redes como o Facebook e o Twitter.
Em mais uma tentativa recente, também frustrada, a Microsoft mostrou forte interesse pelo app chinês TikTok, em 2020, quando o então presidente americano Donald Trump pressionou a rede social para que suas operações em solo americano fossem vendidas a uma empresa do país, alegando questões de segurança.
O grupo ByteDance, dono do TikTok, que conta com os fundos Sequoia e General Atlantic entre seus investidores americanos, rejeitou a oferta da Microsoft. Apenas a Oracle seguiu na disputa, mas o acordo também está suspenso, desde que Joe Biden assumiu seu posto na Casa Branca, de acordo com o jornal The Wall Street Journal.
Embora as duas negociações tenham falhado, a Microsoft conseguiu incorporar outros ativos dentro dessa ótica de rejuvenescimento do seu público. Um dos segmentos que melhor ilustram essa estratégia, com uma boa dose de crescimento inorgânico, é o mercado de games, no qual a companhia marca presença com o console Xbox.
Em 2014, por exemplo, a companhia desembolsou US$ 2,5 bilhões para adquirir a produtora sueca Mojang, responsável pela franquia Minecraft, que, no início de 2020, superou a marca de 200 milhões de cópias vendidas em todo o mundo.
Desde a incorporação da Mojang, a Microsoft investiu em nove aquisições nesse espaço, especialmente de estúdios de games. O esforço mais recente veio em setembro, com a compra da ZeniMax, por US$ 7,5 bilhões, que envolveu também a publisher Bethesda Softworks, conhecida por títulos populares, como "Fallout" e "Doom".