Andy Jassy, CEO da Amazon, tem alguns desafios pela frente. Enquanto estuda formas de incorporar novas tecnologias e tendências no futuro da operação, especialmente no que diz respeito aos criptoativos, o executivo vê crescer a pressão para reduzir o número de acidentes nas instalações da empresa. Um problema digno do século passado.

Em entrevista para a emissora americana CNBC nesta quinta-feira, 14 de abril, o executivo que sucedeu a Jeff Bezos no comando da Amazon disse imaginar um futuro em que a gigante varejista poderá comercializar NFTs (os tokens não-fungíveis utilizados principalmente no mercado de arte) dentro da sua plataforma.

“Acho que é um caminho possível na plataforma”, afirmou o CEO da Amazon, “Espero que os NFTs continuem a crescer de forma muito significativa.” Não há qualquer previsão de quando a empresa de Seattle poderá incorporar os tokens em suas gôndolas virtuais.

As NFTs se tornaram um fenômeno no mercado de criptoativos nos últimos meses. No ano passado, as vendas dos tokens não-fungíveis movimentaram US$ 17,6 bilhões, segundo dados do Nonfungible.com. O montante é 20 vezes maior do que o registrado em 2020.

Jassy também comentou sobre a possibilidade da Amazon trabalhar com criptomoedas. “Provavelmente não estamos perto de adicionar criptomoedas como um mecanismo de pagamento em nosso negócio de varejo, mas acredito que com o tempo você verá as criptomoedas se tornarem maiores”, disse.

O passado no caminho

A entrevista para a emissora americana aconteceu logo após Jassy divulgar a sua primeira carta anual direcionada aos acionistas da Amazon, após assumir o cargo de CEO da companhia. Jessy está no comando da empresa desde julho do ano passado, quando substituiu Bezos no posto.

Entre outras atribuições, Jassy tem pela frente o desafio de dar uma resposta em relação ao crescente número de lesões corporais de funcionários dos depósitos e instalações da companhia. Na carta endereçada aos investidores da Amazon, o executivo prometeu reduzir os problemas com os trabalhadores da linha de frente.

O número de lesões de trabalhadores da Amazon aumentou mais de 20% no ano passado. Foram 38,3 mil lesões reportadas em 2021 contra pouco mais de 27,1 mil no período anterior. A maior parte dos ferimentos está relacionada a problemas com nervos, músculos e articulações devido ao esforço excessivo e repetitivo dos trabalhadores.

“Passei um tempo significativo em nossos centros de atendimento e com nossa equipe de segurança, e esperava que houvesse uma bala de prata que pudesse mudar os números rapidamente”, escreveu Jassy na carta publicada no site da Amazon nesta quinta-feira. “Eu não encontrei isso.”

O executivo afirmou que a companhia vem trabalhando em formas de reduzir o tempo que os trabalhadores realizam movimentos repetitivos e está fornecendo treinamentos para que os funcionários atuem de forma mais segura. “Mas ainda temos um caminho a percorrer”, escreveu Jassy.

As preocupações de Jassy com a saúde dos trabalhadores não são novas. No ano passado, a Amazon já havia anunciado um investimento de US$ 12 milhões para firmar uma parceria com o Conselho Nacional de Segurança. O plano é analisar e prevenir lesões frequentes dentro dos depósitos da companhia.

O problema, aliás, já vinha incomodando o CEO anterior. Em sua última carta para os acionistas, Bezos afirmou que estava na hora da Amazon focar mais suas energias no bem-estar de seus trabalhadores. Na época, a companhia anunciou um compromisso de se tornar “o melhor empregador da Terra”.

Mas os planos não estão saindo como previsto. Na semana passada, a Bloomberg reportou que o executivo por trás do projeto de transformar a Amazon no melhor lugar para trabalhar no mundo estava de saída da companhia.

Isso tudo se junta ao fato de que a Amazon não precisa dar uma resposta somente aos acionistas, mas também aos próprios funcionários.

No início deste mês, um grupo formado por trabalhadores de um depósito da Amazon em Staten Island conseguiu criar uma campanha suficientemente grande para ganhar uma eleição que fará com que, pela primeira vez, os trabalhadores da Amazon sejam representados por um sindicato.

Isso deverá trazer ainda mais pressão para o comando da empresa. Na entrevista desta quinta-feira, Jassy afirmou que a participação dos trabalhadores em um sindicato era uma escolha de cada um. No entanto, deixou claro que preferia que eles não o fizessem.

Avaliada em US$ 1,5 trilhão, a Amazon operava com suas ações em queda de 2,02% na Nasdaq, por volt das 14h (horário local).