Desde o início de julho, a venda da operação americana do TikTok tornou-se uma obsessão de Donald Trump. Sob a alegação de ameaça a segurança nacional, o presidente dos Estados Unidos encampou uma estratégia que já colocou na disputa pelo ativo nomes como Microsoft, em associação com o Walmart, e Oracle.
Um novo episódio dessa trama mostra, porém, que o caminho para o fechamento de um acordo será tão difícil quanto a tensa relação entre Estados Unidos e China. Em mais um ingrediente na disputa travada pelos dois países, o governo chinês sinalizou que irá endurecer a concretização do negócio.
Na sexta-feira, 28 de agosto, o Ministério do Comércio da China publicou uma lista acrescentando novas restrições às exportações de produtos e tecnologias locais. A relação não era revisada desde 2008 e sua atualização traz o mesmo argumento de proteção à segurança nacional, usado pelos Estados Unidos.
A lista inclui desde design de chips até recursos baseados em inteligência artificial, entre eles, reconhecimento de voz, texto e recomendações personalizadas de conteúdo, uma das bases da plataforma do TikTok.
Na prática, o aplicativo precisará do aval do governo chinês para que essas e outras tecnologias que sustentam a sua operação possam ultrapassar as fronteiras da Grande Muralha.
Com a exigência desse sinal verde, a expectativa é de que um eventual acordo seja colocado em risco ou, no mínimo, seja adiado até depois das eleições americanas, em novembro. No dia 15 do mesmo mês, encerra-se o prazo dado por Trump para que o aplicativo venda sua operação americana, sob pena de banimento no país.
“Temos visto restrições dos Estados Unidos contra a China diariamente. Não se pode esperar que a China não dê resposta alguma”, afirmou Wang Huiyao, conselheiro do governo local, em entrevista à agência Bloomberg.
Em comunicado, a ByteDance, controladora do TikTok, afirmou que irá cumprir estritamente as regras divulgadas pelo governo da China. “Como acontece com qualquer transação internacional, seguiremos as leis aplicáveis”, afirmou Erich Andersen, conselheiro-geral da ByteDance.
De acordo com uma reportagem do The Wall Street Journal, a ByteDance planejava avançar nas negociações no último fim de semana, mas as conversas foram paralisadas com a publicação das novas regras.
Em contrapartida, mesmo sob esse novo cenário, a rede CBNC publicou uma reportagem na manhã desta segunda-feira, 31 de agosto, afirmando que um acordo pode ser anunciado até amanhã, dia 1º de setembro.
Segundo fontes, Microsoft e Oracle seriam mesmo os favoritos no páreo e o negócio, que incluiria ainda as operações na Nova Zelândia e Austrália, giraria em torno de US$ 20 bilhões a US$ 30 bilhões.
Se o martelo será batido ou não, o fato é que esse novo movimento e a tensão crescente entre China e Estados Unidos não colocam apenas a ByteDance em um grande impasse. A perspectiva é de que essa escalada, de parte a parte, evolua para outros produtos e serviços chineses com operação no mercado americano.
Um dos principais exemplos na mira do governo americano é o WeChat, superaplicativo da chinesa Tencent, que também foi alvo do decreto de ameaça de banimento assinado por Trump, no início de agosto, caso não seja vendido.
Os próximos capítulos da novela TikTok devem continuar quentes.
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