Quando as healthtechs passavam longe dos olhos (e do bolso) dos investidores, Jeff Plentz já apostava nessas empresas através da Techtools Ventures, sua gestora que investe em startups da área.

Ao longo de sua trajetória, a empresa, que também presta serviços de tecnologia para a área de saúde, já levantou um fundo de US$ 20 milhões e investiu em diversas empresas do setor, como a Revo, que produz próteses ortopédicas inovadores com materiais recicláveis, e a Terve, que faz gestão de saúde.

Agora, a Techtools Ventures está captando dois novos fundos que somados pretendem levantar mais de R$ 1 bilhão para investir tanto em startups em early stage com em growth da área de saúde. “Serão dois novos fundos com estratégias diferentes, mas complementares”, diz Plentz, ao NeoFeed.

O primeiro deles pretende levantar R$ 1 bilhão para investir em startups mais maduras com cheques que podem variar de R$ 40 milhões a R$ 120 milhões. O foco será fazer a consolidação do ecossistema de saúde.

O segundo fundo tem a meta de levantar R$ 250 milhões para investir healthtechs em estágio inicial. “Serão de 12 a 15 startups”, diz Plentz. Os cheques vão variar de R$ 2 milhões a R$ 5 milhões e a Techtools Ventures já tem R$ 50 milhões de capital comprometido.

O investidor âncora dos dois novos fundos é Luis Claudio Garcia de Souza, da Finvest, ex-Pactual e criador da Rio Bravo, e que também investe em startups nas áreas financeira e de saúde.

O primeiro aporte em uma healthtech em estágio inicial acaba de ser realizado. A Techtools Ventures está fazendo um investimento de R$ 4 milhões na mineira Engenetiq, uma empresa de biotecnologia que desenvolveu um extrator de DNA de baixo custo.

“Os métodos mais baratos de extração de DNA custam a partir de US$ 5 e você precisa fazer em laboratório e de equipamentos especiais”, diz Plentz. “O da Engenetiq custará US$ 1 e poderá ser feito em uma farmácia.”

A ideia é usar o método, que será lançado no mercado no primeiro semestre de 2022, em diversas aplicações, que vão desde o uso para a indústria farmacêutica (para pesquisas com DNA anonimizado) até com testes para que pessoas possam saber se tem predisposição a alguma doença, como câncer de mama ou de próstata.

A tecnologia foi desenvolvida pelos pesquisadores da Engenetiq, fundada por Hércules Neves, um pesquisador com larga experiência internacional e passagens por importantes universidades nos Estados Unidos, como a Universidade de Cornell e a Universidade da Califórnia, em Los Angeles.

“A ideia é trabalhar em análises genéticas em grande escala”, afirma ao NeoFeed Neves, que hoje é professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. “O extrator de DNA por si só é um produto competitivo.”

Neves diz que o extrator foi pensando inicialmente para a Covid. Mas foi testado também em outros vírus e pode ter um uso amplo. “Ele serve desde a identificação de doenças infecciosas até identificação genética e para testes para identificação precoce de cânceres.”

O investimento da Techtools será usado para dar escala ao extrator de DNA. “Precisamos desenvolver aplicações em volta desse produto”, diz Neves.

A área de genética é considerada o futuro da medicina. Neste mês de dezembro, o Hospital Albert Einstein e o grupo Fleury se uniram para criar uma empresa de genética batizada de Gênesis.

O objetivo da nova empresa é realizar pesquisas, desenvolver processos e serviços para atender o consumidor interessado em gestão preventiva de sua saúde.