Maior produtora de cloro-soda na América do Sul e segunda maior de PVC na região, a brasileira Unipar ficou em evidência durante boa parte do terceiro trimestre quando a Vila Velha, sua controladora, abriu um processo competitivo para avaliar possíveis propostas de venda ou fusão do ativo.

Em setembro, porém, a Vila Velha desistiu das conversas e deu o assunto como encerrado. E, à parte de qualquer eventual distração com o processo, a Unipar voltou a registrar bons indicadores entre julho e setembro, em linha com o cenário observado desde o terceiro trimestre de 2020.

No período, entre outros números, a companhia reportou um lucro líquido recorde de R$ 788,1 milhões, contra os R$ 156,2 milhões apurados na última linha do balanço, em igual período, há um ano. No segundo trimestre de 2021, esse indicador ficou em R$ 246,9 milhões.

Agora, na trilha desse desempenho, a empresa está dando sequência a um plano que passa por aquisições, pela expansão de seu mapa e da sua capacidade de produção, e por novos projetos na área de energia.

“Temos um mar em condições ideais, uma ‘prancha’ boa e estamos conseguindo surfar bem esse momento do mercado e da companhia”, diz Mauricio Russomanno, CEO da Unipar, ao NeoFeed. “Nosso grande desafio é seguir mantendo a companhia nesse nível de entrega.”

O executivo cita algumas das ondas que compõem esse cenário favorável. Um dos fatores envolve a elevação nos preços internacionais do PVC e da soda. Outro inclui o aumento da demanda gerada por alguns setores da economia, como a construção civil e a indústria farmacêutica.

A aprovação do Marco Legal do Saneamento e os investimentos previstos no setor também alimentam esse contexto. “Os benefícios nessa área já começam a aparecer, com uma série de leilões com resultados positivos, o que vai ser um driver importante pra nós nos próximos anos.”

A Unipar está em campo com uma estratégia ativa de aquisições, sob a ótica de diversificação geográfica. Hoje, a empresa tem fábricas instaladas em Santo André (SP), Cubatão (SP) e Bahía Blanca, na Argentina.

“Fora do País, estamos avaliando possíveis acordos em mercados como Argentina, o restante da América do Sul e também América do Norte”, observa Russomanno. “Já dentro do Brasil, estamos olhando ativamente a região Nordeste, seja para uma aquisição ou para projetos greenfield.”

No Nordeste, o foco está concentrado nos estados da Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte. O projeto inclui a possibilidade de investimento em até três fábricas. No momento, a Unipar está finalizando os estudos de viabilidade para tomar essa decisão.

Segundo o CEO, há recursos suficientes para financiar esses movimentos. “Estamos com alavancagem praticamente zero e com uma capacidade de tomar várias vezes o nosso Ebitda, além do que temos em caixa”, diz. “E encerramos agora mais uma emissão de debêntures, no valor de R$ 500 milhões.”

Mauricio Russomanno, CEO da Unipar

A empresa também está em fase final de negociações para anunciar mais um projeto para reforçar a geração de energia a partir de fontes renováveis e limpas. Além de garantir disponibilidade para suas operações e reduzir custos, o plano vai ao encontro da agenda ESG da companhia.

A nova iniciativa envolve uma instalação de energia eólica e as negociações devem ser concluídas até o fim desse mês. Hoje, a Unipar já mantém uma joint venture com a AES Tietê, para a construção de um complexo de energia eólica no município de Tucano, na Bahia, cujas obras já foram iniciadas.

Em julho, o grupo também fechou uma parceria com a Atlas Renewable Energy para a instalação de um parque de energia solar em Pirapora (MG), com um aporte de R$ 850 milhões. “Com esses dois parques, vamos chegar a 50% da nossa matriz com energia renovável até o fim de 2022”, diz Russomanno.

Resultados consistentes

Enquanto avança em todas essas frentes, a Unipar contabiliza outros indicadores consistentes. Entre julho e setembro, a receita operacional líquida da companhia foi de R$ 1,79 bilhão, alta de 52,3% sobre o resultado do terceiro trimestre de 2020. No período, o Ebtida teve um crescimento de 223,7%, para R$ 1,02 bilhão.

Em linha com o aumento da demanda e o volume de vendas, a fábrica da companhia em Santo André encerrou o trimestre com um índice de uso de utilização de 94% de sua capacidade instalada, enquanto as unidades de Cubatão e Bahía Blanca, alcançaram, respectivamente, 89% e 81%.

Avaliada em R$ 8 bilhões, a companhia encerrou o pregão desta quarta-feira com suas ações cotadas a R$ 83,71, o que representou uma alta de 3,77%. No ano, os papéis da companhia acumulam uma valorização de mais de 63%.