Fabricante e distribuidora de materiais e medicamentos para hospitais, clínicas e laboratórios, a Viveo anunciou, em meados de 2022, o lançamento da Prevena, que reuniu sete marcas compradas pela empresa voltadas ao mercado de diagnósticos.

O movimento envolveu menos de um terço das mais de 20 aquisições feitas pelo grupo desde o seu IPO, em agosto de 2021. Apenas no ano passado, dez ativos foram adquiridos e passaram a fazer parte do guarda-chuva da companhia.

Agora, em 2023, mais do que uma iniciativa pontual e isolada, essa parcela remanescente de operações está no centro de uma agenda prioritária da empresa. E esse processo irá alguns passos além da consolidação de marcas, como aconteceu no caso da Prevena.

“Após três anos de muita expansão, é hora de estabilizar um pouco e capturar sinergias ”, diz Leonardo Byrro, CEO da Viveo, ao NeoFeed. “Vamos reduzir CNPJs e integrar sistemas para simplificar a estrutura, reduzir custos e alavancar esses negócios dentro de uma lógica de ecossistema.”

Esse calendário do ano foi inaugurado no último dia 1º de março com uma virada sistêmica e a integração de duas operações de natureza industrial nesse portfólio: a Flexicotton, marca de cuidados pessoais, proteção, beleza e bem-estar; e a Daviso, fabricante de lenços e toalhas umedecidas.

Outro ativo que estará incluído nesse pacote nesse ano será a Profarma Specialty, empresa de distribuição, farmácia de especialidade e serviços de suporte ao paciente, adquirida pela Viveo em agosto de 2021.

“Temos ao menos de cinco a dez CNPJs que vamos incluir nessa incorporação e esse processo não se esgota em 2023”, observa o executivo. “O objetivo é fazer com que nossas lideranças pensem com a cabeça de ecossistema e em negócios combinados, sem restrição de complexidade operacional.”

Segundo Byrro, a mudança de orientação já estava no radar do grupo, como parte do plano anunciado no ano passado de capturar sinergias de R$ 111 milhões de Ebitda até 2024. Em 2022, essa cifra foi de R$ 13 milhões, um pouco acima da meta prevista. Para esse ano, a projeção é ultrapassar R$ 65 milhões.

Entretanto, o cenário macro mais desafiador e o aumento do custo de juros contribuíram para que a simplificação ganhasse status de prioridade. “Nós reforçamos nossa estrutura de capital, reduzimos o prazo e alongamos nossa dívida”, diz. “Mas estamos consumindo mais caixa do que há um ano.”

Ele ressalta, porém, alguns avanços da operação. A Viveo encerrou 2022 com uma relação dívida líquida x Ebitda de 1,59 vez, com prazo médio de 4,6 anos. “Já fizemos duas emissões de debêntures em 2022, no total de R$ 1,4 bilhão, e não temos necessidade de captação no curto prazo.”

Se as captações estão fora do escopo, os M&As seguem no horizonte da companhia. “As aquisições não saíram da nossa pauta. Temos várias conversas acontecendo”, diz. “A diferença é que nós sempre fomos muito disciplinados financeiramente nessa frente. Mas vamos ser mais seletivos no volume de deals.”

Resultado

No balanço consolidado de 2022, a Viveo apurou um lucro líquido ajustado de R$ 344,7 milhões, o equivalente a um crescimento de 12% sobre o resultado registrado no exercício anterior. No quarto trimestre, o indicador ficou em R$ 90,3 milhões.

A receita líquida empresa no ano cresceu 45,8%, para R$ 8,7 bilhões. Já entre outubro e dezembro, a expansão sobre igual período de 2021 foi de 63,8%, resultando em uma receita líquida de R$ 2,6 bilhões.

Um dos destaques no ano foi a receita líquida do canal de hospitais e clínicas, que alcançou um volume de R$ 6,7 bilhões, montante 41,9% superior ao reportado em 2021. No segmento de laboratórios e vacinas, a Viveo registrou uma receita de R$ 817 milhões, um salto anual de 43,1%.

No Ebitda ajustado da operação, o avanço no quarto trimestre foi de 54,7%, para R$ 199,3 milhões. Em 2022, o número reportado foi de R$ 731,4 milhões, o que representou um crescimento de 55,2%. A margem Ebtida ajustada ficou em 8,4%, uma evolução de 0,5 ponto percentual.

As ações da Viveo encerraram o pregão dessa quinta-feira cotadas a R$ 17,80, queda de 1,06%. No ano, porém, os papéis da companhia, avaliada em R$ 5 bilhões, acumulam uma valorização de 10,3%.