A negociação exclusiva entre Highline e Oi vence à meia noite desta segunda-feira, 3 de agosto. Neste momento, o cenário mais provável é que a empresa não faça uma oferta que supere o valor de R$ 16,5 bilhões, colocado na mesa por Vivo, TIM e Claro, na semana passada.

Mas isso não significa que a empresa controlada pelo fundo Digital Colony esteja fora da disputa pelos ativos de telefonia celular da Oi, diz uma fonte.

Em um jogo de xadrez, todos esperam para saber qual será a próxima jogada. A Vivo, TIM e Claro fizeram seu lance na semana passada, subindo a oferta inicial depois de terem sido superadas pela Highline.

Agora, é a vez da Highline se movimentar. E, ao que tudo indica, a estratégia é esperar para ver. A companhia de torres avalia ainda se fará uma nova oferta. E, se sim, qual seria o melhor momento para fazer.

Como faz questão de lembrar um interlocutor com quem o NeoFeed conversou. “O jogo só será decidido no leilão”, afirma ele. A previsão é que isso aconteça no quarto trimestre.

A Oi, por meio de seu assessor financeiro, o Bank of America Merrill Lynch, deve se sentar agora com os representantes das teles para analisar em detalhes a proposta. Em comunicado, a própria Oi já disse que o novo lance do trio de operadoras “tem condições financeiras mais vantajosas”.

Além disso, as teles acenaram com a possibilidade de “assinar com o grupo Oi contratos de longo prazo para uso de infraestrutura”.

Para muitos com quem o NeoFeed conversou, Vivo, TIM e Claro deram a entender que além de comprar os ativos móveis estão dizendo também que se tornariam clientes da Infra Co, a empresa de fibra óptica da Oi, na qual a operadora vai vender uma fatia.

Mas, em uma negociação complexa como a da Oi Móvel, o valor de face do negócio nem sempre é o único fator a ser analisado por quem está vendendo – embora seja um dos mais importantes.

As ofertas dos dois lados têm uma série de condicionantes que precisam ser cumpridas até que o negócio seja concluído – espera-se, no melhor cenário, que seja até o fim de 2021.

A Oi também colocou uma condição nas negociações que abre uma brecha para que uma oferta, que não seja a mais alta, possa ser a vencedora.

A operadora de telefonia, comandada por Rodrigo Abreu, poderá aceitar a segunda melhor proposta, desde que com preço até 5% inferior àquele apresentado na proposta de maior valor, mediante “justificativa fundamentada.”

Há um longo caminho até o leilão dos ativos de telefonia celular da Oi, uma operação com 36,7 milhões de clientes e uma fatia de mercado de 16,28%, a quarta colocada no ranking, atrás de Vivo, Claro/Nextel e TIM.

O primeiro desafio de Abreu é aprovar em uma assembleia de credores um aditamento ao plano de recuperação judicial, que prevê a divisão da Oi em duas empresas: a Infra Co, de fibra óptica, e a Oi Client Co, de serviços para clientes residenciais, empresariais, governo e no atacado.

Abreu precisa convencer também os credores sobre os ativos a serem vendidos. O plano original é se desfazer de quatro deles: as torres, os data centers, a operadora móvel e uma fatia majoritária da Infra Co. No total, se vendidos pelo preço mínimo, o caixa da Oi será abastecido por R$ 22,8 bilhões.

Enquanto essa partida de xadrez é jogada, as ações das companhias com capital aberto se movimentam num sobe-e-desce ao sabor das notícias.

Até quinta-feira, 30 de julho, as ações ordinárias da Oi (OIBR3) saltaram 315% desde o piso deste ano, em março. As preferencias (OIBR4), no mesmo período, avançaram 277%.

Mas a notícia, divulgada no fim da tarde de sexta-feira, 31 de julho, de que a Highline iria desistir nas próximas horas do negócio da Oi Móvel, fez os papéis caírem. As preferencias se desvalorizam 6,58% e as ordinárias, 4,21%. Em sentido contrário, os papéis da TIM subiram 6,42% e os da Vivo, mais de 2%.

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