A rede de shoppings da incorporadora JHSF, que no segundo trimestre já havia voltado a registrar crescimento nas vendas em relação ao que tinha antes da pandemia, tem conseguido manter resultados maiores também no terceiro trimestre, que acaba na semana que vem.

Em reunião com analistas do BTG Pactual, o CEO e CFO da companhia, Thiago Oliveira, disse que o faturamento dos lojistas que operam na rede já superam, no período de julho a setembro, o que foi registrado em igual intervalo de 2019, quando as vendas somaram R$ 593 milhões. Os números serão conhecidos no próximo balanço.

O principal destaque, ele contou, são as lojas de artigos de luxo. “O CEO acredita que as vendas de bens de luxo permanecerão sólidas, pois os varejistas sediados no Brasil são mais competitivos do que em outros países”, escreveram os analistas Gustavo Cambauva e Elvis Credendio, em relatório distribuído nesta sexta-feira, 24 de setembro.

O aumento das vendas ocorre em meio à reabertura da economia e ao avanço da vacinação nos últimos meses, após o pico de casos de Covid-19 na segunda onda da pandemia, concentrado nos meses de março e abril.

Com a volta das operações dos shoppings em meados de abril, o segundo trimestre foi de crescimento. No período, as vendas dos lojistas cresceram 16% em relação a igual intervalo de 2019, com números mais fortes em maio e junho, que tiveram expansão de 34,6% e 30,9%, respectivamente.

Com a melhora, a JHSF, que tem entre seus shoppings o Cidade Jardim, de São Paulo, tem retirado os descontos que concedeu aos lojistas durante a pandemia. “Os cinemas e os restaurantes são os únicos que ainda ‘precisam’ de descontos”, escreveram os analistas do BTG.

O CEO da incorporadora também conversou com o banco sobre os efeitos do aumento da taxa de juros no mercado imobiliário. Ele reconheceu que o avanço da Selic, agora em 6,25% ao ano, pode afetar a venda de imóveis, com um menor apetite de investidores que irão buscar outros ativos, mas ressaltou que a demanda segue "sólida" e que "grande parte" vem de consumidores finais.

"A JHSF tem uma grande lista de terrenos para continuar desenvolvendo projetos rentáveis no complexo Boa Vista, em Porto Feliz, no interior de São Paulo (Village, Estates e um recém-comprado terreno próximo)", escreveram os analistas. "Por sua vez, o Parque Catarina (em São Roque, também em São Paulo) encontra-se em estágio avançado e a empresa deve anunciar novidades sobre o projeto em breve."

Na quinta-feira, 23 de setembro, a JSHF Participações informou que iniciou a expansão da capacidade do São Paulo Catarina Aeroporo Executivo Internacional, com o incremento de uma área operacional de 40 mil metros quadrados, passando a um total de 94 mil metros quadrados.

"A empresa acredita que os voos internacionais irão aumentar as vendas de combustível de aviação e as receitas de taxas (as taxas são mais caras para voos internacionais do que para voos domésticos), enquanto as margens do Aeroporto de Catarina devem ser semelhantes às dos shoppings", disseram os analistas.

O BTG recomenda compra do papel da JHSF e estima um preço-alvo para 12 meses de R$ 11, ante a cotação de R$ 6,32 no fechamento do pregão de quinta-feira, dia 23. Avaliada em R$ 4,2 bilhões, a companhia opera em queda de 1,9% nesta sexta, a R$ 6,2, por volta das 12h.