Depois que a Stone apresentou desempenho abaixo do esperado no segundo trimestre, os investidores queriam ver se o resultado da PagSeguro seria também decepcionante ou se superaria as projeções, como ocorreu com a Cielo.
O balanço do segundo trimestre da companhia PagSeguro foi considerado positivo, ao demonstrar bom volume operacional e melhora na rentabilidade dos negócios. Mas ainda que o desempenho tenha recebido elogios, os analistas que acompanham a PagSeguro destacaram que as expectativas para os próximos três meses são modestas, indicando desaceleração.
A PagSeguro registrou um lucro líquido recorde no segundo trimestre, de R$ 367 milhões, de acordo com o balanço divulgado na quinta-feira à noite, dia 25 de agosto. O montante representa um aumento de 35% em relação ao mesmo período de 2021. A receita avançou 65%, para R$ 3,9 bilhões.
O resultado está levando a uma forte expansão das ações nesta sexta-feira, dia 26 de agosto. Por volta das 13h13, os papéis registravam alta de 7,71%, para US$ 16,21. No ano, elas acumulam queda de 39,7%, levando o valor de mercado a US$ 5,3 bilhões
O grande destaque do segundo trimestre, segundo os analistas do Goldman Sachs, foi o Volume Total de Pagamentos (TPV, na sigla em inglês) da PagSeguro. Ele somou R$ 89 bilhões no trimestre, aumento de 58% em base anual, superando as projeções divulgadas pela própria companhia em junho - a faixa ia de R$ 83 bilhões a R$ 85 bilhões.
O Itaú BBA também citou o TPV da parte de adquirência da PagSeguro como um ponto positivo, afirmando que o desempenho compensou o recuo de 1% do número de vendedores que utilizam seus produtos em relação ao segundo trimestre de 2021, para 7,5 milhões.
“Isto reflete uma abordagem mais seletiva nos esforços de aquisição de clientes e a decisão da companhia em focar em clientes com tíquete médio maior”, diz trecho do relatório assinado pelos analistas do Itaú BBA Pedro Leduc, William Barranjard e Mateus Raffaelli.
Outro ponto destacado pelos analistas foi o avanço da take rate, a taxa cobrada pela PagSeguro em cada transação. Em termos brutos, ela passou dos 3,82% do segundo trimestre de 2021 para 4,04% nos três meses encerrados no fim de junho, diante dos esforços da PagSeguro na frente de precificação das cobranças, além de uma melhor composição do TPV, com um uso maior de cartões de créditos nas transações.
“Este crescimento foi alcançado apesar da alta exposição do TPV a pequenas e médias empresas, que têm take rates menores, ao mesmo tempo em que têm um TPV por vendedor maior e com mais recorrência de transações do que os empreendimentos micro”, diz trecho do relatório assinado pelos analistas do BTG Pactual Eduardo Rosman, Thiago Paura e Ricardo Buchpiguel .
Os analistas também destacaram que o PagBank teve resultados favoráveis no segundo trimestre. A divisão atingiu 24,8 milhões de clientes, aumento de 41% em base anual. O TPV aumentou em 87%, para R$ 85,5 bilhões, e o take rate líquido passou de 0,95% para 1,78%, com a companhia se beneficiando mais em termos financeiros desse aumento de engajamento e a alta da Selic.
Modesto
Apesar de elogiosos aos números divulgados pela PagSeguro, os analistas que acompanham a empresa torceram um pouco o nariz para as projeções relativas ao terceiro trimestre.
A companhia estima que a receita líquida deve crescer 46% no terceiro trimestre, em base anual, menos do que o avanço de 65% visto no segundo trimestre. A mesma tendência deve ocorrer com o TPV - 37% contra 58% - e com o lucro líquido, deve registrar uma leve contração, de 3%. Tudo isso com base no ponto médio da faixa de projeções, de acordo com cálculos do Goldman Sachs.
Segundo os analistas do banco, a administração da PagSeguro acredita que a desaceleração no crescimento será motivada pela forte base de comparação estabelecida no segundo semestre de 2021, quando a economia brasileira começou a reabrir após a pandemia.
Mesmo com os números indicando desaceleração, o Itaú BBA afirma que os números são robustos e estão acima das expectativas do mercado e do próprio banco. Além disso, eles destacam que a PagSeguro segue apresentando bom crescimento de faturamento e está melhorando sua rentabilidade.