O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, participa intensamente de fóruns internacionais e reuniões entre banqueiros e ministros promovidas pelo Banco para Compensações Internacionais (BIS) – o banco central dos bancos centrais.

Em apresentação durante o X Fórum Jurídico de Lisboa, nesta segunda-feira, 27 de junho, Campos Neto disse que “o pior da inflação no Brasil já passou e que grande parte do trabalho já foi feito” quanto ao aperto monetário.

No evento, Campos Neto mostrou ainda que mais de uma dúzia de países europeus estão se mexendo para aliviar o peso dos preços dos combustíveis nos orçamentos das famílias.

Se boa parte do trabalho no campo monetário foi executada, a perspectiva, acalentada pelo mercado, é de que o ciclo de alta do juro está mesmo perto do final, ainda que a Selic permaneça em patamar elevado – possivelmente em 13,75% - por um bom tempo.

E que poderá ser ainda maior se o Senado aprovar a PEC que prevê a ampliação do Auxílio Brasil, Vale Gás, e voucher para os caminhoneiros autônomos. A votação da medida pode ocorrer ainda nesta segunda-feira.

O limite nas alíquotas incidentes nos preços dos combustíveis virou lei na semana passada. Hoje, o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), saiu na frente dos colegas e anunciou a redução imediata do ICMS no Estado, de 25% para 18%, o que deverá, segundo ele, abater entre R$ 0,40 e R$ 0,48 por litro no preço da gasolina.

Em Lisboa, Campos Neto mostrou que de 18 países da área do Zona do Euro, 15 deles reduziram o IVA, ou tributos diretos sobre energia desde setembro de 2021. Mais: sete governos regularam preços. E, segundo o presidente do BC, todos os países promoveram algum tipo de transferência para consumidores ou grupos de vulneráveis.

A apresentação do chefe do BC mostrou também que o custo fiscal estimado das medidas na zona do Euro para atenuar o impacto da crise energética varia de pouco menos de 1% até cerca de 3,5% do PIB, a depender do país em questão.

Entre setembro de 2021 e junho de 2022 – período monitorado pelos economistas de Campos Neto – a Grécia é o país que arcou com o maior custo fiscal, seguida pela Lituânia, Espanha e Itália. Os menores custos foram arcados pela Irlanda, Finlândia e Bélgica.