Com apenas oito meses de vida, o Vivo Ventures, que tem R$ 320 milhões, está fazendo o seu segundo investimento. O braço de corporate venture capital (CVC) da Vivo está liderando uma rodada de captação de R$ 30 milhões do Klubi, fintech que atua como administrador de consórcio. 

“Entendemos que existe uma sinergia de negócio muito forte com o Klubi para alavancar novos produtos financeiros, um elemento core da nossa estratégia”, afirma Gabriela Toribio, managing director da Vivo Ventures e da Wayra Brasil, ao NeoFeed. “Ele entra como uma forma de oferecer ao cliente mais um formato de empréstimo.”

O Vivo Ventures assinou o cheque mais alto da rodada, de R$ 10 milhões. A operação reuniu investidores já conhecidos do Klubi, caso da Igah Ventures e de sócios da Cyrela. Todos eles participaram da primeira rodada institucional da empresa, ocorrida em outubro do ano passado, que levantou R$ 32,5 milhões. 

A operação contou ainda com a presença dos investidores-anjos da empresa, como Guilherme Bonifácio, fundador do iFood, e Paulo Veras, um dos criadores da 99, que fizeram os primeiros investimentos em 2019. 

O Klubi foi fundado por Eduardo Rocha em 2019, depois de o empreendedor passar oito anos como CEO da Rodobens. Durante o período, ele conta que se aprofundou no funcionamento dos consórcios e entendeu que havia espaço para melhorias, considerando o papel que o produto tem na inclusão de pessoas com menos renda e a dominância exercida por grandes bancos, montadoras e alguns poucos nomes independentes. 

“Fiquei muito fascinado com esse produto, porque ele sempre vai funcionar em países como o Brasil, onde o acesso ao crédito é um tema muito relevante para a classe média”, afirma Rocha. 

Por meio da digitalização de processos, o Klubi pretende acabar com a intermediação na venda, que gera custos elevados e não entrega a melhor experiência e escolha de produtos ao usuário, na visão de Rocha.  

“Quando você faz a desintermediação, você tem o controle total da jornada com o usuário”, afirma Rocha. “E temos um custo de aquisição mais baixo que os incumbentes, algo como 60% menor.”

Gabriela Toribio, managing director do Vivo Ventures e da Wayra Brasil

A fintech começou a operar no mercado no final do ano passado, depois de receber autorização do Banco Central para atuar como administradora de consórcios.

A base de clientes é formada por membros da classe C da população, com renda familiar média de R$ 3 mil por mês, e jovens com até 35 anos. No momento, o Klubi oferece consórcios de automóveis, sendo que o menor crédito oferecido é de R$ 50 mil, com mensalidade de R$ 649. 

Segundo Rocha, desde que foi habilitado pela autoridade monetária, a fintech registrou um crescimento de mais de 300% no volume de vendas, superando mais de R$ 200 milhões em crédito originado. São mais de 3 mil planos vendidos, com crédito médio de aproximadamente R$ 70 mil. 

Planos

Com os recursos da rodada, o Klubi pretende acelerar o desenvolvimento da companhia e ampliar os canais de originação, além de investir em tecnologia e na expansão do time, que conta com 150 colaboradores. 

Além disso, a fintech planeja começar a oferecer novas modalidades de consórcio. E é aí que o Vivo Ventures pode ajudar. Além dos recursos e da abertura de um novo canal de originação, a ideia é que a parceria impulsione o lançamento de novos produtos. 

Destacando que ainda não há nenhuma decisão tomada, Rocha diz que ambos podem desenvolver consórcios voltados para a compra de aparelhos celulares mais caros. 

“Vamos ainda sentar para discutir todo o planejamento e fazer muitos pilotos nos próximos seis meses antes de tomar uma decisão sobre qual categoria vamos trabalhar em conjunto”, afirma. “A partir do segundo semestre, devemos fazer o rollout.”

Pelo lado do Vivo Ventures, o investimento no Klubi visa a expandir as ofertas de serviços financeiros aos clientes da Vivo. O plano é integrar as soluções da fintech ao portfólio de serviços financeiros, que conta com a plataforma de crédito pessoal Vivo Money, a conta digital Vivo Pay, cartões de crédito co-branded, além de seguros para celular e tablet. 

“Como um corporate venture capital, olhamos para o investimento não apenas do ponto de vista de smart money, mas também sob o ponto de vista de sinergia e de geração de valor para nós”, afirma Toribo, que está no comando do Vivo Ventures e da Wayra, hub de inovação aberta da Vivo e da Telefónica, desde outubro, depois de ter atuado por três anos como head de venture capital da CSN. 

O investimento do Vivo Ventures no Klubi é o segundo do veículo de corporate venture capital da Vivo, que tem planos de investir em startups nas áreas de entretenimento, casa inteligente, marketplace, saúde, educação e energia.

Em agosto, ele participou da rodada série A de US$ 15 milhões da Klavi, que desenvolve soluções para facilitar o fluxo e análise financeira de pessoas físicas para fintechs e instituições financeiras. Na ocasião, o Vivo Ventures investiu cerca de R$ 15 milhões na fintech, de olho na incorporação das soluções da Klavi na parte de pagamentos e análise de crédito. 

O aporte do Vivo Ventures no Klubi ocorre num momento profícuo do mercado de consórcios no Brasil, impulsionado pela alta da taxa de juros, que acaba encarecendo os empréstimos. 

Segundo dados mais recentes da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), o número de pessoas com um consórcio ativo bateu recorde pela décima vez consecutiva em outubro. São cerca de 9,2 milhões de pessoas com algum tipo de contrato, alta de 13,5% em relação a um ano antes. 

As vendas de novas cotas atingiram 3,27 milhões, aumento 14% em base anual, enquanto os créditos comercializados avançaram 17%, a R$ 212,7 bilhões.