Para quem imaginava que o conflito entre Israel e Hamas ficaria limitado ao Oriente Médio, com impacto econômico concentrado no mercado de petróleo, o investidor americano Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates - o maior fundo de hedge do mundo, com US$ 150 bilhões sob gestão -, advertiu que a crise entre Israel e Hamas aumentou de 35% para 50% a probabilidade de envolver as grandes potências em uma guerra mundial.
“Na minha opinião, esta guerra tem um alto risco de conduzir a vários outros conflitos de diferentes tipos em vários lugares, que se estenderão para além de Israel e Gaza”, escreveu Dalio, em uma postagem no LinkedIn, intitulada “Outro passo em direção à guerra internacional”.
Aos 74 anos e dono de uma fortuna pessoal de US$ 19 bilhões, Dalio tem autoridade para falar do assunto. Além de frequentemente fazer comentários e análises sobre a geopolítica global, o investidor publicou há dois anos o livro “Princípios para lidar com a ordem mundial em mudança: por que as nações têm sucesso e falham”, no qual aborda os ciclos históricos de mudanças de poder globais.
Aposentado da Bridgewater há um ano, Dalio segue atuando como mentor oficial dos três co-investidores principais do fundo. Ele já vinha advertindo sobre a escalada de tensão entre Estados Unidos e China, em especial após a eclosão da invasão russa da Ucrânia.
No post do LinkedIn, no entanto, Dalio observa que as atuais tensões entre os EUA e a China ainda são administráveis e não irão necessariamente se transformar em uma guerra total. Mas adverte que os conflitos Israel-Hamas e Rússia-Ucrânia provavelmente serão "brutais até o fim" e abrirão uma luta maior pelo poder que definirá a nova ordem mundial.
“Se o combate direto eclodir e as mortes começarem a aumentar, isso abriria caminho para uma mudança de conflitos contidos para uma brutal Terceira Guerra Mundial”, escreveu.
Neste sentido, Dalio instou os líderes mundiais a exercerem contenção, os aliados dos países em guerra a resistirem a serem arrastados para combates físicos e os governos a trabalharem em conjunto para evitar a escalada.
“Meu sonho é que todos reconhecessem o horror de uma guerra mundial e se unissem para evitá-la”, prosseguiu. “O meu desejo mais tangível seria que os EUA e a China mediassem conjuntamente a paz na Ucrânia.”