Com os resultados de boa parte das principais companhias de tecnologia divulgados e considerando as expectativas para a política monetária dos Estados Unidos depois de falas consideradas dovish pelo presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, os analistas do Itaú BBA elegeram as principais escolhas de ações para o segmento.

Depois do "N" de Netflix ter sido substituído pelo "N" de Nvidia no acrônimo FAANG, e com a Microsoft voltando a ser a grande que foi, os analistas Thiago Kapulskis, Cristian Faria e Gabriela Moraes avaliaram que o momento não é o ideal para o "A" de Apple e o "G" de Google, recomendando o short dessas ações.

Abaixo estão os motivos para compra ou venda de cada uma das empresas:

Apple – O banco vem recomendando desde o ano passado a venda das ações da empresa de Steve Jobs, avaliando que a companhia está cara e colocando em dúvida seu crescimento. E os resultados do quarto trimestre fiscal, divulgados em 2 de novembro, não trouxeram qualquer motivo para mudança de recomendação, depois de mostrarem desaceleração das vendas.

“Como notamos em nossa prévia de resultados, os fundamentos para a Apple continuam se deteriorando, com um guidance estável para a receita no primeiro trimestre do ano fiscal de 2024, o trimestre mais forte em termos sazonais, revelando o duro cenário atual da demanda”, diz trecho do relatório.

A pressão competitiva que sofre na China, que a fez perder quase US$ 200 bilhões em valor de mercado, a perspectiva de perder US$ 18 bilhões em receita do Google por conta do processo antitruste movido pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos e o valuation elevado, com o P/E perto de 25 vezes, faz os analistas serem mais cautelosos quanto à Apple.

Google – O short em Google, de acordo com o Itaú BBA, se justifica pela perspectiva de aumento do CAC, especialmente no YouTube, além dos investimentos necessários para a companhia alcançar a concorrência na corrida da Inteligência Artificial (IA). Esses dois pontos devem prejudicar as margens da empresa, além do processo movido pelo governo americano.

“Além disso, as perspectivas para as receitas não parecem muito animadoras, com o mecanismo de buscas já postando crescimento de dois dígitos, o que deixa pouco espaço para aceleração, e a plataforma de computação em nuvem demonstrando desaceleração significativa”, diz trecho do relatório.

Amazon – Principal escolha do Itaú BBA entre as big techs, o otimismo com a Amazon está baseado nos resultados e o guidance apresentados no terceiro trimestre – o lucro por ação de US$ 0,94 superou a média das expectativas do mercado, de US$ 0,58, enquanto a faixa de projeção para o lucro operacional no quarto trimestre, de US$ 7 bilhões para US$ 11 bilhões, é bem superior aos US$ 2,7 bilhões apurados no mesmo período de 2022.

Os analistas veem ainda um cenário mais benigno para a AWS, a plataforma de computação de nuvem da Amazon, além dos ajustes operacionais que vêm reduzindo custos com fulfillment e com logística.

“Seríamos compradores da Amazon neste momento, que continua sendo negociada abaixo da média histórica de 15 vezes a 20 vezes o EV/Ebitda (nos preços atuais, ela registra um EV/Ebitda de 12 vezes para 2024)”, diz trecho do relatório.

Meta – A controladora do Facebook e do Instagram está se beneficiando dos gastos com publicidade, que devem permanecer robustos, puxados por empresas como Shein e Temu. Os analistas do Itaú BBA entendem também que a companhia tem conseguido aproveitar a IA para monetizar seus ativos.

“Mesmo para aqueles que preferem não apostar em uma aceleração da receita, a Meta continua surpreendendo na frente de custos, como tem feito até o momento, com revisões para baixo no guidance para despesas administrativas e investimentos para 2024”, diz trecho do relatório.

Microsoft – Os resultados do primeiro trimestre do ano fiscal de 2024, anunciados em 24 de outubro, apontaram que a companhia está em forte ritmo para superar as expectativas nos próximos trimestres, de acordo com os analistas do Itaú BBA.

A visibilidade demonstrada pela administração quanto às perspectivas da Azure, plataforma de computação em nuvem, impulsionada pela posição da companhia em IA, tornam as perspectivas da Microsoft positivas.

“Embora a Microsoft não seja barata, com um P/E de 23 vezes, gostamos do carry de crescimento de 15% a 20% no lucro por ação e seríamos compradores neste momento”, diz trecho do relatório.

Nvidia – Com os resultados do terceiro trimestre trimestre do ano fiscal de 2024 previstos para serem divulgados em 21 de novembro, a Nvidia deve registrar novamente números robustos, segundo os analistas.

Mesmo estando no meio da disputa geopolítica entre Estados Unidos e China, a empresa se beneficia da forte demanda por seus microprocessadores para aplicações e produtos com IA.

“Nós esperamos que o momento permaneça robusto para a empresa por outros três trimestres, mas vemos o risco de desaceleração em meados do ano fiscal de 2025”, diz trecho do relatório. “Nós tiraríamos proveito de qualquer queda neste momento.”